Do dia em que não apaguei a luz...

Esta noite, não dormi. Deitada na minha cama, vi o dia amanhecer. Fiquei imaginando o céu, lá fora, azul claro, pincelado por tons de amarelo e laranja. As nuvens dispersas. A brisa da manhã enchendo os pulmões da cidade. E o horizonte. O horizonte vazio, esperando o primeiro pedacinho do sol aparecer revelando os segredos do Universo. Nessa hora, eu quis sair correndo por aí, como se não houvesse mais ninguém no mundo inteiro e gritar, bem alto, qualquer coisa que me viesse a cabeça. Gritar que eu estou completamente apaixonada por você.

Um despertador tocou, o barulho dos ônibus e dos carros nas ruas aumentou. Pensei nas pessoas acordando, se arrumando, lendo o jornal enquanto tomavam o café. Pensei nos bêbados esquecidos nas sarjetas por si mesmos, nas prostitutas exaustas. Nos apaixonados que agora dormiam cansados depois da noite de amor. Quantos naquela noite mantiveram suas luzes acesas enquanto todas as outras estavam apagadas? Quantos morreram, quantos nasceram, quantos apenas dormiram? Quantos estavam naquele momento, olhando pro teto e pensando na vida acontecendo, na vida sendo vivida depois de uma noite em em claro?

Indelével
Enviado por Indelével em 30/03/2008
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