À espera de um milagre

Às vezes dói-me um silêncio no céu da boca

E as palavras, magoadas,

Secretas, emigram

Para um lugar sem consciência,

Enredam-se em escombros de alfabetos e

Restos de línguas mortas,

Adormecem, nuas de sentido, e frias,

Diluindo-se no sofisma de si mesmas.

E solta-se da voz

Um vazio, um grito sem nada

Morre-me nos dentes,

Máscaras de carne, esconderijos do medo,

Imergem no rio sagrado,

Labiríntico, da minha sombra.

Aí me têm, entre os destroços da

Gramática, como um erro humano,

Residual e informe, à

Espera de um milagre.

Nan Ferdinan
Enviado por Nan Ferdinan em 03/12/2015
Reeditado em 04/12/2015
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