À espera de um milagre
Às vezes dói-me um silêncio no céu da boca
E as palavras, magoadas,
Secretas, emigram
Para um lugar sem consciência,
Enredam-se em escombros de alfabetos e
Restos de línguas mortas,
Adormecem, nuas de sentido, e frias,
Diluindo-se no sofisma de si mesmas.
E solta-se da voz
Um vazio, um grito sem nada
Morre-me nos dentes,
Máscaras de carne, esconderijos do medo,
Imergem no rio sagrado,
Labiríntico, da minha sombra.
Aí me têm, entre os destroços da
Gramática, como um erro humano,
Residual e informe, à
Espera de um milagre.