Acróstico da (sub)consciência
Este corpo, sim, em que habito,
Assimila tudo, com calma, sem pressa,
Sempre olhando o mundo em todas as pontas,
Sempre vivendo a vida como quem canta mas não dança.
Imenso sou em todo meu mundo,
Mas minúsculo no dos outros.
Saem à noite para brindar taças,
Eu saio à lagoa para olhar águas.
Perambulando por aquela rua,
A cabeça na lua, sempre a considerar,
Sou através de algo; vejo com olhos, sinto com pele,
Sei que minha face foi-me dada como presente de boas-vindas;
A superfície gosta, desgosta e repele.
Ouro não me vale muito, quando não se tem o que comprar.
Um amor não me vale muito, se não for para durar.
Tiros ao alto, balas quentes, para nunca mais voltarem
Resquícios de vidas passadas a me entristecer,
Ouvidos medíocres e sentimentos decadentes.
Depois de acomodar-me à praça e assistir à beleza da manhã,
Imagino toda a grandeza que está por me acometer
Amanhã.