Alforria
Alforria
A senzala, a pouco adormecida, Inda ouve do açoite o sibilo.
Lacerando a carne e sentimentos, deixa na alma maior ferida,
Forja tão profundo sofrimento, que unguento não cura ou alivia,
O orgulho sufocando o grito, em silencio suas lagrimas continha.
Rangendo os dentes se contorce, e o corpo lacerado enrijecia,
Rumina ódios e deles se alimenta, torna se forte a cada castigo,
Imagina quando virá o alivio, no halito úmido e fresco de bruma,
A mucama ceifeira compadecida, diz ao seu ouvido, ”Liberdade”!
Urano de Sousa, Natal de 2012