Vulnerant omnes ultima necat - Todas ferem, mas a última mata

Visita-te às vezes o pavor de, nesta vida,

Ufanar desenfreadamente os teus instantes?

Liberta-te dessa angústia indevida!

Note que os venenosos minutos de tuas horas

Entregas a uma inquietação acusante!

Revives como acusador, sistematicamente,

Anulando todo o brilho dos teus dias!

Não há mais a mesma glória na qual ascendias!

Toda a vaidade do homem (saibas) a cada instante é roubada!

Os astros, naturalmente, não podem impedir

Manifestar-se a todos a sua grandeza.

Não tens a grandeza dos astros, decerto,

E vais, não obstante, diminuir a tua, num regredir

Subliminar e encoberto?

Uma medida de tempo carrega consigo falcatas,

Lanças, chicotes e misericórdias!

Tolhe ao homem o escape!

Insistes, ainda, em cobrir as tuas glórias?

Muito pouco lhe restará para que seja notável

A tua existência! E menos ainda para que seja desejável!

No esplendor ou menoscabo, entretanto,

Entenderás, meu senhor, na ocasião exata,

Como são árduas as longas horas

A quem se deixa ofender sem muitas glórias, (pois)

Todas ferem, mas a última mata!

Paulo Kol
Enviado por Paulo Kol em 28/09/2009
Reeditado em 20/07/2011
Código do texto: T1837117
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