O POETA-LEITOR E A CONFRATERNIDADE

A proposta poética materializada no poema somente vai adquirir existência, corporificar-se, vivificar-se (como objeto estético) através do poeta-leitor, que é aquele que é atingido pela seta emocional-reflexiva. Antes da recepção é apenas matéria morta. É neste estrito sentir que o poema vai cumprir a sua destinação sensorial. Ninguém está no mundo para ser explicado ou compreendido, e sim para emocionar-se, comover-se, fascinar-se. Poesia é – fundamentalmente – a confraternidade vivificada entre os dois polos da criação. Imagem que se forja no cadinho da contemplação de si próprio no outro – o seu semelhante. Um cravo primordial na mão do Cristo Jesus, o homem. Por vezes, o poema é a auréola superveniente à dor e ao sofrimento. Imagética que se descola da palavra e vive por si...

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014/15

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