O INTERTEXTO

Impressiona-me como são poucos – nas redes sociais – os comentaristas que vão direto ao ponto na interpretação dos textos. Relembro aquilo que usualmente digo aos escribas novatos: para se apossar do assunto e dos detalhamentos decorrentes da reflexão, é importante que se tenha conhecimentos sedimentados, dedicação e expressiva argúcia. Tais aparatos e qualidades só são adquiridos com a aquisição do hábito da leitura, enfim, do trato com as peças literárias. Porém, algo deve ser pontual. Caso o novato escreva poemas, deve procurar ler, no mínimo, os consagrados em Poesia de Língua Portuguesa. Para o escritor vale o mesmo: se este garatuja a espécie ‘crônica’, deve ler os cronistas da moda; se lhe agrada o ‘conto’, seria interessante ler os contistas renomados, a fim de obter uma orientação literária e estética através dos escritos. Cada uma destas espécies do gênero Prosa tem os seus cacoetes, seus requisitos técnicos, vocabulares e estéticos. Retornando aos interlocutores eventuais, na net, acaso estes não sejam leitores experimentados, como encaminhar os assuntos a ponto de servir como elemento da discussão com certa especificidade? Caso contrário, o interlocutor fica fazendo voltas e não entra no fulcro do tema. Ou então, o que é o mais comum entre criadores literários: o leitor/autor se apossa da temática em voga e acaba fazendo texto sobre texto, ou seja, o INTERTEXTO, especialmente em Poética, cuja originalidade é quase sempre precária, ficando deveras prejudicada, eis que sobreposta ou dúplice. O intertexto é a criação de um texto a partir de outro pré-existente. Segundo a Wikipédia, “o fenômeno da intertextualidade está ligado ao conhecimento do mundo, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao produtor e ao receptor de textos. O diálogo pode ocorrer ou não em diversas áreas do conhecimento, não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.”.

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014/15.

http://www.recantodasletras.com.br/tutoriais/5172239