A LEITURA POÉTICA

"A leitura é o refrigério da alma", diz-me uma interlocutora no Facebook. E eu reflito, agradecido: sim, é uma expressão metafórica com muito efeito, uma verdade prenhe de lirismo. No caso daquele que pretende vir a ser poeta “de ofício”, ou seja, assumir a Poesia como gênero literário, a LEITURA passa a ser um hábito necessário e muito salutar no plano concreto da ação humana como receptor. Só o "homo sapiens" consegue juntar as palavrinhas e interpretar o que elas representam. Ler é um ato intelectivo em que participam o espiritual (alma) e o conjunto corpóreo, um TODO, portanto. Na sua obra, no que é de seu – mais dia menos dia – o resultado florescerá do conhecimento espargido sobre o poema com o peculiar perfume da Poesia. O sangue da vida também se derramará como verdade única para o momento. E repercutirá como bálsamo no outro polo – o RECEPTOR – que o reproduzirá, curiosamente, como fosse (sua) verdade recém-nascida... O autor da peça simplesmente subsumirá por força dos desejos do momentâneo possuidor, tão forte é o mistério do estranhamento e da transcendência. Bem, nem todos os poemas têm o mesmo condão – o de consumir a autoria. E soerguer-se na leitura: solerte palavra viva e expressão corporal dominadora.

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014/15.

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