O NINHO DE HUMANIDADES

Antes de tudo, o poeta é uma criatura bem dotada pelo Absoluto, alguém invulgar quanto à criatividade. Por isto, os latinos diziam "POETA NASCITUR, ORATUR FIT", ou seja, "Nasce o poeta, faz-se o orador (o escriba). No entanto, também não é menos verdade: não basta o talento para que o poeta escreva bons versos. Quanto à recepção da proposta literária, Stendhal falou neste "emocionar-se" do eventual leitor, especialmente nos versos lírico-amorosos... Porém, no texto “O FAZER CRIANDO”, publicado em http://www.recantodasletras.com.br/tutoriais/5155525 , não é isto que está em causa, e sim o aprimoramento deste humano ser individualmente diferenciado e com dotes incomuns, a fim de que possa atingir um nível estético aprimorado e refinado capaz de emocionar até mesmo o receptor exigente e pouco envolvido com a linguagem figurada com que o poema (com Poesia) invariavelmente se apresenta. E a emoção se faz – fruto nobre da estranheza e do inusitado estético que se reacende no leitor. Na contemporaneidade – mais do que nunca – é necessário reafirmar todos os dias o compromisso de nos mantermos salutares no ninho de humanidades, porque a cada dia o hostil cotidiano nos quer (e faz) mais robotizados. E o metafórico coração, pulsante de verdade e beleza, ganha quanto ao refinamento de sua sempre nova e nobilíssima dimensão de vários degraus espirituais, traduzidos em gestos objetivos da ação humana em direção ao tempo do post mortem.

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014/15.

http://www.recantodasletras.com.br/tutoriais/5160877