A MISSÃO PONTUAL DO POETA

Agradeço o carinho e a atenção que me são dispensadas por inúmeros leitores, especialmente os também escribas, nos últimos 25 anos em que me dedico com exclusividade à literatura. Suas referências elogiosas chegam a mim – pessoa e alter egos – como lisonja e estimulam o ‘poetinha’ a continuar trabalhando com o firme desejo de tentar espargir sementes de Confraternidade por esse mundão insondável e intempestivo (orientado pelo Absoluto desde a sua criação e segundo o livre arbítrio de cada um), apesar de sabedor de que a regra é a de uma sociedade contemporânea egoísta e globalizada, consequentemente desalmada, visto que orientada pelo que cada um tem e pode dispor para o bem e para o mal. Cabe a nós, por fauna diferenciada – a dos poetas – objetivarmos a necessária reflexão sobre este estado de coisas atual e o estrago que isto representa para a humanidade, no presente e futuro. Muito além do que possa parecer conforto ou bem estar material, o que realmente caracteriza a humana criatura é o seu aparato de espiritualidade. Bem, é preciso ter em conta que por ser um condenado ao pensar, e é desnecessário dizer – um espécime humano orientado pelo altruísmo – eu divido a humanidade entre os que têm e os que são. E então se torna mais fácil compreender a nossa missão pontual no mundo da contemporaneidade. Só o sonhar permite a construção do Novo, quando a sociedade tem parâmetros tão pragmaticamente fixados. Só aí me apercebo o quanto a Poética pode ser útil na construção da sociedade futurística. Destarte, a metaforização verbal e os códigos linguísticos sempre pautaram a trajetória daqueles que veem adiante do seu tempo de viver, cada um com o seu peculiar estilo, tatuando o seu tempo com ferro em brasa...

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014/15.

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