Trovas que falam de saudade

1

A flor da rosa molhada

– sereno molhando a flor.

A minha cara encharcada

– saudade do meu amor.

2

A praça, a lua segura,

fazem a vida ter graça.

Minha saudade não dura

mais do que flor numa praça.

3

A saudade como escolta

e a solidão sempre ao lado,

de tempos e tempos volta,

é moleque de recado.

4

A saudade me estraçalha,

toda alegria me poda.

Mas ela não me atrapalha,

nem mesmo quando incomoda.

5

A saudade nos devora,

parece câmera lenta:

Pode não matar na hora,

mas, com certeza, ela tenta.

6

A sete chaves guardei

um sonho meio disforme.

Na gaveta conservei

uma saudade que dorme.

7

Alguns seres não nasceram

para ter felicidade.

E vivem, então, descrentes,

no mar de dor e saudade.

8

Amizade verdadeira

naquele belo rincão

é saudade derradeira

na seresta da emoção.

9

As saudades seculares

e os meus sonhos por aqui,

tornam dias milenares,

porque eu penso tanto em ti!

10

Avisavam se passassem

trens de saudades nos trilhos,

como se os olhos falassem

e a gente entendesse os brilhos.

11

Brilham os anos sem pena,

e a minha saudade define:

Foi Aline, foi Serena,

foi Atena ou foi Nadine?

12

Canto a razão de viver,

o amor, o sonho, a saudade,

muitas vezes sem dizer,

ou mesmo ser de verdade.

13

Com mãos firmes no timão,

olho vivo no horizonte;

Saudade no coração,

tanta, que não há quem conte!

14

Com respeito e liberdade,

eu, pensativo, me apresso.

Dosando amor e saudade,

sei bem a quem me endereço.

15

Com suspiros de saudade,

flores nutridas por cartas,

tudo de imenso me invade:

- Solidão, ausências fartas...

16

Como a chama de uma vela

não fica acesa no mar,

morro de saudade dela

e não posso controlar.

17

Como vivo eu já não sei;

é de saudade que eu canto.

Sem pensar eu terminei

e hoje o sofrimento é tanto!

18

De saudade eu fico tonto;

Mas é assim minha vida:

Quando penso que estou pronto,

abre-se nova ferida.

19

É bem grande a minha espera,

mas eu vou me conformar.

A saudade é voraz fera,

tão difícil de acalmar!

20

É lá na minha cidade

onde o céu é mais azul.

Lá não sofro de saudade,

nem do frio aqui do Sul.

21

Ela partiu, me deixou,

minha rota se perdeu,

a saudade se fixou...

– Fiz o que pude, não deu!

22

Esperei, na minha vida,

tudo sempre cor de rosa.

Não suportei a ferida

da saudade perigosa.

23

Essa coisa que me invade,

de corpo inteiro eu me movo.

Lá vem a dona saudade

fazendo troça de novo.

24

Essa saudade malvada

é poderosa alavanca

que não pode ser tocada,

não tem porta, nem tem tranca.

25

Eu a amei de verdade,

mesmo assim estou sofrendo.

– Se eu não plantei a saudade,

por que então, estou colhendo?!

26

Eu sou os passos do andejo

de saudade consumido.

E esse horizonte é sobejo

do caminho percorrido.

27

Falta a luminosidade

de uma lua preguiçosa.

Abro a porta da saudade

e o vendaval chuta a rosa.

28

Geme o vento, o tempo, o peito;

Hoje tanta dor me invade.

- Oh, meu Deus, não tem mais jeito:

Como dói esta saudade!

29

Hebdomadária saudade

da minha doce menina

vira fogueira e me invade

nas ruas de TERESINA.

30

Horas, dias, meses... são

anos de saudade e dor.

Sou como um pano de chão

que já não tem mais valor.

31

Já cansei de ter vontade...

De que serve amor contido,

sufocado na saudade

em descaminhos perdido?!

32

Jaz no peito uma saudade

bem mais forte que lajeiro.

– Queres-me pela metade,

e eu te quero por inteiro.

33

Lançando as redes no mar

da vida, pesquei saudade.

Secando copos no bar,

bebi infelicidade.

34

Levo comigo a esperança

e também muita vontade.

Trago sim, boa lembrança

e uma ponta de saudade.

35

Logo, logo vou chegar,

eu sou seu, não tenha medo.

Quando a saudade apertar,

rode a aliança no dedo.

36

Meu amor não foi bastante,

eu não lhe fiz muito bem?

Vivemos os dois distantes

e com saudade também.

37

Meu pensamento se abriu

e enxerguei toda a verdade:

a paz do peito sumiu

levada pela saudade.

38

Minha alegria morreu

afogada na saudade.

Eu sei que o preso sou eu,

não conheço a liberdade.

39

Muita gente pode ver

que ela nunca me deu trela.

Mas não consigo esconder:

Morro de saudade dela!

40

Não é só de vez em quando

que uma saudade me espanca.

Sinto meu peito estalando

que nem porteira sem tranca.

41

Não há dor que nunca passe

e nem saudade sem fim.

Mas é como se faltasse

algo melhor para mim.

42

Não há possibilidade

de pensar em novo amor.

Tudo é silêncio e saudade;

É velhice e dissabor.

43

Não me apraz a cor do engano,

nem me escraviza a vontade.

Não preservo nenhum dano

e nem morro de saudade.

44

Não preciso nem dizer,

revestido de saudade,

que a vontade de lhe ver

é um grande mal que me invade!

45

Não sou poeta vadio,

quando eu sofro é de verdade.

Sou piloto de um navio

que alguns chamam de saudade.

46

Não tem fim esta saudade

e nem régua vai medir.

Tamanha dor que me invade,

parece me consumir.

47

No quarto eu fecho a janela

para ninguém me avistar.

Porque com saudade dela,

o que me resta é chorar.

48

Nordestino fica mudo

quando sai do seu torrão.

E sente saudade de tudo

que deixou lá no sertão.

49

O meu parto já foi feito,

meu umbigo foi cortado.

Mas –saudade- não tem jeito...

Por isso tenho chorado.

50

O primeiro a perceber

que a saudade nos alcança,

é que precisa fazer

alguns votos de esperança.

51

Ocupar-me não me basta

para escapar do castigo,

pois a saudade é madrasta

que teima em brigar comigo.

52

Olhos cheios de bondade

e forte desilusão

são registros de saudade

e feridas de paixão.

53

Parece-me que uma tocha

queima dentro do meu peito.

Com saudade da cabrocha,

já nem respiro direito!

54

Passou, fingiu não me ver.

Não me importo, de verdade.

Tanto anos a sofrer,

já não dói minha saudade!

55

Pensei que ela não queria,

e eu ficava sem saber

se de saudade morria,

ou contente ia viver.

56

Pouca gente foi nascida

para ter felicidade:

Eu só tenho em minha vida,

um turbilhão de saudade.

57

Quando a saudade bater,

procure as cartas já lidas.

Faça o seu peito viver

emoções nunca sentidas.

58

Quando se transforma em dor

uma saudade de monte,

vem um vento arrasador

lambendo o pó do horizonte.

59

Quem é feliz de verdade

não sente melancolia.

Vai lembrar-se com saudade,

mas também com alegria.

60

Quem precisa de uma gota

de saudade a incomodar?

– A minha é grande, marota,

é do tamanho do mar.

61

Quilométrica saudade,

toda tarde o sol me traz.

Mas não me traz amizade

nas curvas que o vento traz.

62

Saudade vai me açoitar.

Não sei por que tu te afastas!

– Eu não quero nem pensar,

nas solas que serão gastas!

63

Saudade: Monstro marinho

trancado em grades de ferro.

– Eu sinto que estou sozinho,

ninguém escuta meu berro.

64

Saudade: um grande tormento,

mesmo de longe ou de perto.

Essa dor eu não agüento;

já cansei de ser liberto!

65

Saudades e pensamentos;

Da vovó não resta um traço.

Maravilhosos momentos

que se foram pelo espaço.

66

Se a saudade é coisa boa,

eu não sei porque choramos...

Se ela tanto nos magoa,

por que em senti-la teimamos?!

67

Sem ter oportunidade

de te dar o meu amor,

sofro e choro de verdade,

cheio de saudade e dor.

68

Sinto a saudade na pele

porque vocês são meus filhos,

são barcos que o vento impele

e não trem preso nos trilhos.

69

Só faz sofrer o meu peito;

Não sei matar a saudade.

Então, vivo assim sem jeito,

com desamor que me invade.

70

Solidão terrível arde

e me traz a dor certeira.

Morena da cor da tarde

é saudade seresteira.

71

Tanta saudade que existe,

não posso medir com régua:

Bate pé na noite triste,

faz doer e não dá trégua.

72

Tenho saudade de tudo;

Fico assim: apaixonado.

Eu não nasci com escudo

que me faça bem guardado.

73

Tristeza já não vigora;

Saudade não mais “apita”.

Conheço bem essa estória:

- Namoro a moça bonita.

74

Tudo aquilo que vivemos

é preciso ser verdade:

Tantas dores que sofremos;

Privações pela saudade...

75

Tudo na vida tem graça,

quando estamos bem assim.

– Acorde, que a vida passa,

depois é saudade sem fim.

76

Um alcatraz de maldade,

toda tarde o sol me traz.

Sonho não traz amizade,

só saudade e dor mordaz.

77

Uma estrela me conduz;

lua brilha, sol me embala.

Sou uma fresta de luz

com saudade de MALALA.

78

Uma ponta de saudade

pode até adormecer.

Mas ela vem, cedo ou tarde,

à minha porta bater.

79

Uma saudade me invade

quando eu vejo um pirilampo.

As belezas da cidade

não são as mesmas do campo.

80

Vaso sem flor, chão vazio;

Grave crise de saudade.

Falta amizade, arrepio,

nesse estio de bondade.

81

Vivo chorando sem pena...

Peço que a vida me traga

uma sorte mais amena,

e saudade menos carga.

82

Você traz felicidade,

sempre que olha para mim.

Quando partir, a saudade

será tormento sem fim.

83

Volte tarde, porém volte;

A saudade não passou.

Que o meu sonho não me solte;

pois choramingas eu sou.

84

Xauã, não se vá daqui,

o meu sítio tem saudade.

Pois eu nunca mais o vi

Perto da minha cidade.

Trovas de diversas épocas da minha vida, nas minhas andanças por Picos, Teresina, Campinas, Monte Mor.

Jarrê
Enviado por Jarrê em 21/08/2017
Código do texto: T6090798
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