TIRADENTES ESQUARTEJADO: 225 ANOS!

*Nadir Silveira Dias

Era uma manhã de sábado. O clima prometia esquentar ainda mais. Célere, no seu compasso tempo-espacial, corria o ano de 1792.

No centro da Cidade do Rio, no Largo da Lampadosa, bem depois Praça Tiradentes, um novo, martirizante e definitivo golpe estava por ser dado nos destinos da nação brasileira.

Ali, depois da desarticulação da Inconfidência Mineira iniciada em 1789, a Ouro Preto de hoje, então Vila Rica, via através dos olhos de militares, religiosos, comerciantes e fazendeiros, o desmantelamento da ideia de democracia tributária e da reta condução dos destinos do Estado.

Antes de ser enforcado Tiradentes esteve preso por três anos. Foi ouvido quatro vezes e confessou ser o único responsável, pondo a salvo os companheiros do movimento.

Levado à forca por traição à Coroa, foi esquartejado e as partes de seu corpo foram deixadas ao longo dos 450 quilômetros até a atual Ouro Preto, Minas Gerais, então percorridos em 23 dias.

Atônito, para servir de lição e exemplo, naquele sábado o Rio de Janeiro viu o alferes percorrer as ruas em agônica procissão antes de ser executado, pelo Regimento de Estremoz, que o aguardava junto ao patíbulo, até aí conduzido pelo Regimento de Moura.

Vanguardista e progressista inveterado, Tiradentes integra a História do Brasil como o grande referencial da Independência que viria depois, sem que soubesse, por óbvio, que ainda hoje clamamos por ela, nos diversos planos da vida social, pois o regime, em essência, ainda é de quase tirania estatal.

Um Estado que tudo tira e nada dá!

Morto aos 46 anos, pelo monstruoso crime de ideia (Que absurdo!), o alferes Joaquim José da Silva Xavier foi líder de 21 inconfidentes condenados com a pena de exílio para a África, dentre os quais cinco com comutação de pena, julgado e condenado em Tribunal de exceção criado por Dona Maria I, após denúncia formulada por militares portugueses.

Este artigo-mensagem-homenagem estava por ser escrito desde terça-feira e teve o seu disparador inspirado na matéria de Ema Belmonte, em 2006, ora reeditado.

Seja como for, a figura de Tiradentes e a sua larga visão de estadista libertário continuará a lançar luzes por toda a escuridão que teima em mostrar-se perante aqueles a quem deve orientar e dirigir, enquanto cegos detentores do cetro da vez!

Talvez fosse bom lembrar a esses que hoje dirigem a Nação do jeito que conhecemos tão bem – E não nos faz bem! – que o seu tempo de queimar os próprios atos malsãos pode estar mais perto do que possam imaginar.

* Jurista, Escritor e Jornalista

Nadir Silveira Dias
Enviado por Nadir Silveira Dias em 21/04/2017
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