BRAÇOS ALGEMADOS, BOCA SEM CADEADO, E PÉS REVOLTADOS

BRAÇOS ALGEMADOS, BOCA SEM CADEADO, E PÉS REVOLTADOS

(Eliozani Miranda Costa – 06/06/2016)

01 - Eu não saio pelas ruas

Fazendo tal publicidade

Sobre isso ou aquilo

Que meu Pai manda eu fazer

02 - Sou guiado pelo invisível

Por isso sou imprevisível

Nunca sei onde, ou qual dia

Tudo pode acontecer

03 - Ausente da mídia renomada

Sigo solitário por essa estrada

Não consigo ver preparado

Nem tampouco tão respeitado

Quem interfere no meu modo de ser

04 - Eu provoco essa gente

Que se diz autoridade

Que olha mas não enxerga

Preferindo não ver

05 - Não avalio se é cabível

Ou que seja descabível

Confesso, não tinha idéia

De vencer ou convencer

06 - Minha mente se provocada

Logo fica muito agitada

Ignoro o mau encarado

Mandando eu ficar calado

Sem ao menos me conhecer

07 – Me manda calar a boca

Com abuso e ilegalidade

Se acha tão poderoso

Então vem fazer

08 – Com tortura não é possível

Com algemas é impossível

Se na covardia me matares

Por minha vida vai responder

09 – Meu caminho é sem porta fechada

Se existe, não resiste uma pesada

Quem duvida está enganado

Só pagar pra ver o resultado

Insultos faz meu sangue ferver

10 – Pressão arterial em cento e oitenta

Sem almoço até quatro da tarde

Me negam remédio, me nega alimento

Só almocei porque meu irmão veio trazer

11 – Se é transferível ou intransferível

Procedimento cabível ou descabível

Já era para se terem aprendido

Preso da justiça, a juíza tem que ver

12 - Cela com dez cadeiras de almofada

E com três mesas arredondadas

Passo a noite digitando no teclado

Em colchão sem lençol não fico deitado

Mas estou com muita fome, quero comer

13 – Cela medindo treze por cinco

Fiz por merecer por meio de faculdade

Na biblioteca do Presídio de Rolim de Moura

Qual livro ou revista a ler, posso escolher

14 – Já são duas e dez e essa fome terrível

Obrigado Anderson Beker, Agente incrível

O pão guardado de ontem cedo está ótimo

Meu estômago agora já parou de roer

15 - Quatro estantes de aço aparelhadas

E um banheiro de porta trancada

Gelando no grau o ar condicionado

Um bebedouro ao lado de um quadro

Um raque, um vaso com planta, posso ver

16 – Nada disso me interessa no momento

Prefiro pôr em prática minha criatividade

Neste computador passo a noite sem dormir

Rimando até que o dia sete venha amanhecer

17 – Se fazer poesia é por mim preferível

Lembrar que estou preso é o preterível

Daqui cinco horas ou pouco mais tarde

Oito ou nove com a Juíza se entender

18 – A culpa é da Doutora Inês, magistrada

Que profere sentença sem julgar nada

Pedi reexame do meu PAD, foi negado

O Confúcio Moura deve ter comprado

O assessor da Juíza para assim fazer

19 – Estou falando de um PAD corrompido

Cheio de vícios, eivado de ilegalidades

Lidomar, Wildney, Geremias, e Gilvan

Forjaram faltas pra demissão acontecer

20 – É covardia a negação de direito palpável

Busco um socorro que parece intocável

As vezes penso loucura, mas é sem proveito

Mas como se conformar ou esquecer?

21 - Eu não peço favor a gente safada

E desafio sua autoridade abusada

Não imploro pra ser perdoado

Pois se trata de documentos fraudados

E até hoje eu não consigo entender

22 – 03:38h vou virando madrugada acordado

Velando os limites de minha pouca liberdade

Lembrando de fatos e pessoas envenenadas

Que se alegra em ver a outra pessoa sofrer

23 – Já pensei em matar às escondidas

Isso não faz parte da minha integridade

Vou vencer sem depender da sorte

Sou um homem de instinto forte

Nunca tive medo de encarar a morte

Não temerei a cara do delegado abusado

24 – Denuncio corrupções medonhas

Falsificações, fraudes, falsidades

Tanta coisa errada que me envergonha

Consentidos pelas autoridades

Nessa empunhadura ou nessa coronha

É o seu ego que sonha atrocidades

25 - Seu autoritarismo nem um pouco me intimida

A morte faz parte da vida, vivo preparado

Não temo o outro lado, e de braços algemados

Continuo falando, minha boca não tem cadeado

Se sou ameaçado, meus verbos se inflamam

Fatos falados, seguidos por pés revoltados

Assim, quantidade de veneno é liberado

26 - Agora mesmo preso, me sinto libertado

Acusações fazem de mim um bandido

Falo verdades, eu preciso ser ouvido

Fui preso e transferido sem audiência

Onde é que está o doutor advogado?

Léo Nardo WebSniper Music
Enviado por Léo Nardo WebSniper Music em 04/07/2016
Código do texto: T5687567
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