O NASCER DA PEÇA POÉTICA

Não te deixes desanimar, nem percas a paciência para com o poema que está nascendo. Desânimo não combina com o fazer poético, porque o poema com Poesia nasce exatamente do exercício do sentir, com o fito de animar o poeta-autor a vencer a hostilidade cotidiana e/ou a adversidade momentânea que o afeta ou o desatina. Tenho como evidente que a confecção do poema admite técnicas que auxiliam em muito a melhorar o conteúdo e o formato e/ou a forma rítmica codificada da peça poética. No entanto, esta é uma verdade para aquele fazedor de versos possuidor de “lucidez enternecida”, o que não se contenta com a primeira garatuja surgida não se sabe de onde ou de quais escaninhos memoriais do processo sensório-emocional. Aconselho sempre que se aplique fundamente na “transpiração”, o segundo momento, a fim de polir a “pedra bruta”, o necessário cinzelar do poema, tal como faz o bom artífice. O poeta é também um escultor que tem de ressaltar o brilho de sua ‘pedra’ poética. No entanto, a maioria dos poetas, em ambos os sexos, não se dá a este trabalho, talvez porque não sejam trabalhadores do ofício de poetar, e, sim, apenas aquele que se basta ou se contenta com o que o alter ego criou dentro dele no primeiro momento de criação, o da “inspiração” ou “espontaneidade”. Neste sentido, este modo de agir de tão forte e comum incidência, é uma questão de escolha pessoal. Deixemos que o poeta-leitor descubra o que lhe apraz e qual a peça que mais lhe toca ou lhe produz prazer. Afinal, sem o receptor o poema não adquire vida, é matéria morta que ainda não aprendeu a respirar...

– Do livro OFICINA DO VERSO: O Exercício do Sentir Poético, vol. 02; 2015/17.

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