PALAVRAS: SAFADAS E TRAIÇOEIRAS

Necessito muito das interlocuções para me aprimorar como escriba. Tenho para mim que o texto ou o poema, antes de ser lido, fruído, sobrepensado, é reles matéria morta. O leitor é que lhe oferece a vida, com o seu sentir, o seu saber pessoalizado. Tanto que a mim parece que a dimensão estética final de um texto está na razão direta de seu receptor. Se ele tiver boa cabeça, o texto irá mais longe, nele e no que ele passará para outros. Por esta razão, se for viável, o ledor precisa deixar a sua impressão, falar sobre o que sentiu ou entendeu, após o ato de leitura. Sabes? O autor é que nem marido corneado, sempre é o último a saber. Mesmo que ele acredite que o texto está comunicando algo ao receptor, nunca terá certeza plena de que é o que ele pretendeu que fosse comunicado. E não é uma questão de insegurança ou de cortejar a fácil popularidade. É, sim, no meu caso, para aferir a questão da verdade ou a sua maior ou menor amplitude estética. As palavras são safadas e traiçoeiras. Por vezes, falam mais contra o autoral do que a favor. Obrigado por tua atenção. E perdoa se insisti no pedido de retorno ao comentário anteriormente posto. A interatividade que ocorre nas redes sociais, especialmente no Facebook, facilita o atingimento deste objetivo analítico. Em regra, a brevidade de um comentário dificulta a compreensão, porque fica aquém do que o autor esperava do eventual leitor. Enfim, tudo o que digerimos e sobre tal processo opinamos, depende do tamanho do mundo que criamos em nós. É sempre bom lembrar que cada pessoa vê o mundo segundo o concebe...

– Do livro OFICINA DO VERSO, vol. 02; 2015/17.

http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/5971837