O ESPIRITUAL DOS SENSÍVEIS

O bom poema sempre fica martelando no espírito do leitor, segundo o gosto e o tamanho de sua cabeça. Este é o processo oriundo do "estranhamento", aquele que leva ao apossamento, vale dizer, querê-lo como seu. Dominado. Em seu domínio, como coisa de que se dispõe a qualquer hora. Entretanto, o poema é um fio de água turva, inútil, imprestável para beber, e que curiosamente rega e vivifica o espiritual do viver. O bom poema é sempre “fêmeo”, capaz de gerar a sua descendência de ideias, garatujas, trajetórias. E, no cerne dos sensíveis, extrapolam algumas dores não exatamente localizadas...

– Do livro OFICINA DO VERSO, vol. 02; 2015/17.

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