Monólogo: MEU PAI

( a personagem entra, ela se senta no sofá, cruza as pernas e começa a fazer um carinho na cabeça do pai, pensa, repensa e começa a falar com o pai )

- a meu pai lembra de toda a minha infância ? ( ele não responde, ela continua)

- lembra de tanto que eu corria com você ? ( ela está feliz, mas com um pensamento longe )

- Você chegava do serviço cansado e querendo descansar, e eu como uma criança que não entendia ficava bravo porque queria jogar bola com você. Mas de tanto eu insistir você ia, era gol meu, gol seu, e quanta diversão tinha, a pai que falta me faz, as caminhadas de semana, as idas ao cinema, a diversão do futebol de domingo, e eu sempre te acompanhava na missa.

( ela volta a realidade ) - Pai o tempo está passando, e já não sou mais aquela criança, que tanto esperava você do serviço chegar, olha pai ( se anima ), podemos voltar a fazer tudo isso de novo, vai pai levanta dessa cadeira, olha vamos você fica no gol então e eu chuto, devagar é claro, vamos pai me responde, sei que pode me ouvir, mas agora já não sei se pode me entender... ( se entristece mas logo lembra de outro momento e volta a alegria. )

Pai e quando teve aquela vez que estávamos assistindo Rocky e depois do filme começamos a brincar de lutinha, eu pegava o ketchup e jogava no meu rosto e você no seu, era tão legal, e no final você me deixava vencer, como era lindo. Como foi lindo a vez que eu cheguei do serviço chorando, era meu primeiro dia e você me abraçou, conversou comigo, disse que lá no mundo existia pessoas que pareciam que tinham perdido suas almas e não se importavam de fazer os outros perderem as deles, e que não importava quem me tratasse mal, você sempre iria me tratar bem.

Olha, pai não tem sido fácil te ver assim, as vezes tenho vontade de pagar os melhores médicos do mundo, será que tudo ruim vem dos Alemães ? Segunda guerra mundial e Alzheimer. ( ve o erro que falou) Desculpa pai, sei que você sempre me ensinou a amar a todos e não julgar os atos de ninguém pois nem você as vezes pode controlar os seus.

Mas fique em paz pai, porque eu vou cuidar de você, que mesmo hoje você não tendo mais nenhuma utilidade para mim, eu não consigo viver sem você, porque você pode não lembrar mais que sou teu filho, mas eu jamais vou esquecer que você é meu pai.

( Marcelo Deodato )