Vamos conversar sobre a dor?

Estou a respiração fraca, o coração apertada e a mente cheia. Minha cabeça doí, quero fazer algo, mas não consigo sair do lugar, não tenho forças e isso me deixa envergonhada.

Sou a luz solar da alegria, da felicidade e dos sorrisos despojados, mas de repente estou vazia, estou fraca e tudo o que sinto é falta de vontade. De comer, de correr ou conversar. Tudo se esfriou, e pior, a humilhação sempre vem em seguida quando reflito sobre o motivo desse meu estado.

Vamos conversar sobre a dor? Sim, estou acabada, talvez pra você por um motivo bobo, ou não, quem sabe... mas o foco aqui é a dor. É esse momento ordinário, a que ponto cheguei? A que ponto chegamos? E que dor é essa que não passa? Fico esperando acordar bem, mas toda manhã não sinto vontade de sair da cama, quero me afundar nas cobertas e sonhar, quem sabe no meu sonho tenha um final feliz.

Sabe aquele momento da vida em que você acha que agora as coisas vão dar certo? Aquela expectativa, aquela certeza, aquela alegria de que finalmente as coisas boas vieram pra ficar e todos seus dias de tormenta cessaram? É uma sensação maravilhosa, gloriosa e que todos querem experimentar todos os dias.

Ela é ótima, mas também é a pior de todas. Criamos uma expectativa tão grande que quando não acontece parece que todo seu instante ficou escuro, triste, e mesmo que no fundo saiba que vai passar a dor, você não sente isso.

E se afunda.

Delicadamente, tristemente, você vai se afundando.

E humilhantemente, vai se afundando por alguém que merece nada seu. Que não se importa, que está feliz, sorrindo e conhecendo novas pessoas. Uma pessoa de caráter falso, arrogante e pretenciosa. Alguém que não merece tudo de bom que tem, e mesmo assim, não está nem aí se magoou alguém ou não.

A humilhação de sofrer por alguém asqueroso e que foi um cretino na sua vida é pior ainda. Tantas pessoas passando por reais dificuldades, e eu jogando água no rosto sem cor, tentando não derramar mais lágrimas.

Que lágrimas? Elas já não existem mais, devem ter secado de tantas vezes que chorei imensamente, e nem me permito mais chorar. Pode doer, queimar, mas sei que essa pessoa não valia uma única gota de lágrima. Ainda tento manter meu orgulho, mesmo que ferido.

Ainda estou deprimida, me sentindo humilhada, traída e despedaçada, pensando que estou cansada, e não terei mais chances de alguém me amar - mesmo que saiba no fundo que isso faz parte da dor. Alguém vai me valorizar.

Mas não venho escrever sobre superação ou coisas lindas, sim, as pessoas superam, mas porque não escrever sobre antes da superação?

As pessoas se apaixonam, quebram a cara e sofrem, porque tanto receio em falar da dor?

Ela machuca, é um período horrível, nada e nem ninguém parece tirar aquela angústia do peito. Estou desolada, mas algo me consola.

Vou viver minha dor, me entregar a esse calor de ardência, porque sei que alguma hora vai passar, vou lavar o rosto e sentir algo diferença.

O bolo de lágrimas na garganta já não estará mais lá, e essa será a hora de abrir meu coração novamente...