af0b8

Porque toda leitura é leitura de si mesmo. Todo livro é um livro sobre si mesmo. Simultaneamente, entretanto, pode servir para experimentar a vida de outro (ou parte dela), portanto um 'outramento' (pra não usar alteridade), uma falsificação de si que impele ao falsificado viver legitimamente como outro. Todavia, a falsificação sempre se dá com sustentação no mundo referencial do leitor, por isso é sempre uma leitura de si mesmo (e assim surge uma estrutura antitética, ou seja, leio sempre sustentado pelo meu mundo referencial, mas expando minha experiência, através da leitura, à experiência de outrem, contudo, limitada, ainda, pelo meu mundo referencial, o que a torna, fundamentalmente, minha experiência e não de outro).

Parece, assim, forte e evidente que há algo compartilhado por pessoas, não apenas comunitariamente (localmente, como quer a onda culturalista), mas humanamente, totalmente, talvez até longamente (no tempo, espacialmente o tema já está sustentado).