Depressivo soneto

Eis-me, um soneto arrependido

por ser de mágoas e tristezas,

de não achar em mim belezas,

e tal, melhor não ter nascido.

Deus tenha de mim misericórdia,

por ter surgido assim tão negativo

ou fruto de amor não existido,

pobre joio e verso da discórdia.

Voltar pudesse, nesse tempo,

e, (vivo não) - nascesse morto,

um frágil e miserável rebento,

que, impedido pelo aborto,

voltasse triste a passo lento

eu, o triste verso natimorto.

José Freire Pontes
Enviado por José Freire Pontes em 17/09/2017
Reeditado em 17/09/2017
Código do texto: T6116702
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