AMANHECÊNCIA (soneto)

Na manhã do cerrado, a amanhecência

O sequioso sol escorre numa enxurrada

Dissolvendo a noite numa transparência

Do azul visceral do alto céu da esplanada

O dia flana no horizonte com paciência

Onde a luz sem um pouso certo, calada

Suga o primeiro brilho, adiante essência

Da mão de Deus traçando a madrugada

Deglutindo o breu, o espasmo nascente

Beija o dia virgem do alvorecer inocente

Devagarinho qual uma gentil namorada

O pólen do raiar se espalha tão ardente

No enxuto sertão do chão árido vigente

Num espectro mágico e Deia iluminada

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

Agosto de 2017 - Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 31/08/2017
Reeditado em 30/10/2019
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