Noites de calor e sinfonia

E se a muriçoca toca o violino

testando minha pouca paciência,

vão-se meus resquícios d’inocência,

ficam meus requintes de assassino.

Quem dera não ouvir aquela voz

do pequenino bicho hematófago,

como morto e mudo no sarcófago

ou a castanha na casca da noz.

Não basta sugar o meu sangue?

Ainda tens que falar-me ao ouvido?

Que roube, mas não me zangue,

ou serei bem cruel, não duvido,

deixando-te em sono eterno,

Oh! Malvado e tinhoso inseto.

José Freire Pontes
Enviado por José Freire Pontes em 19/07/2017
Reeditado em 19/07/2017
Código do texto: T6058716
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.