SONETINHO BESTA!

Meu coração é vão qual terra morta

Onde vermes ávidos se deleitam;

Sugam o meu sangue, o pulsar, espreitam

Todo o parco amor que a mim importa.

E o denso odor das idiossincrasias,

Farnel das excrescências: tão sagrado!

Pontiagudo desamor, malgrado,

Penetra cru na minha carne fria.

Se tenho um espírito assim estéril,

Terra apodrecida de cemitérios,

Que treme de medo à solidão.

Sei que o húmus indistinto da terra

Que por se opor à morte pela guerra;

Alimenta a vida em meu coração.

ELMANO ARAUJO
Enviado por ELMANO ARAUJO em 22/04/2017
Reeditado em 28/04/2017
Código do texto: T5978285
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