O MAR DA VIDA

“(...) por mares nunca dantes navegados(...)”

“OS LUSÍADAS”, de Luis Vaz de Camões)

I

Amigo, eu gostaria de saber

Se você é, de fato, meu amigo.

Há tempos eu navego, triste sigo

Qual barco sem abrigo, a me perder.

II

Com as amarras soltas, me desligo.

E vou sendo levado, até não ver

Mais o porto seguro e, sem querer,

O mar da vida leva-me, e eu nem brigo!

III

Se, pelo mar a fora, eu encontrar

A bússola que possa me guiar

Por quaisquer ventos, mares encrespados,

IV

Talvez a minha vida não derive.

Sei que quem tem amigo sobrevive

“Por tantos mares nunca navegados”.

Ritemar Pereira