INVENTÁRIO (soneto)

Dos detalhes os anos tomaram conta

Já se foram muitos, algumas cicatrizes

Pois, lembranças, são meras meretrizes

Dum ontem, no agora não se faz afronta

O meu olhar no horizonte é sem raízes

Pouco lembro onde está a sua ponta

Tampouco se existe algo que remonta

O remoto perdido, pois sou sem crises

Gastei cada suspiro pelo vário caminho

Brindei coisas, na taça deleitoso vinho

Na emoção, chorei e ri, a tudo assistia

Em cada tropeção, espinho e carinho

Ali aconcheguei o meu lado sozinho

Não amontoei nada, nas mãos, poesia

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

Abril de 2017 - Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 18/04/2017
Reeditado em 30/10/2019
Código do texto: T5974449
Classificação de conteúdo: seguro