CASAS DE PAPEL: DOMUS SCRIPTA

CASAS DE PAPEL: DOMUS SCRIPTA

forma

A semiesfera em domo se poliedra.

Treliçado cristal em luz feérica

Em contraste co’a névoa periférica,

Como se abstrato armado, etérea pedra...

Alto, por sobre o muro a alamanda medra

Uma verde e amarela Lusamérica,

Que, modismos à parte, faz quimérica

A luz que em edifício ali se empedra.

Pan-óptica atalaia às elevadas

Contemplações de máximas verdades

Por ecos do vestíbulo celebradas.

Perspectivas pontífugas de idades,

Parede vazada: Almas devassadas

Na honesta comunhão de soledades.

* * *

conteúdo

Ao redor do escritório-biblioteca

Habito e existo agora em meu ofício,

Que é também a função d'esse edifício

Onde o mais erudito encontra o jeca.

Ali, de facto, a fonte nunca seca

Porque, quer por virtude; quer por vício,

As letras não se furtam ao artifício

Ou modismo em que a fala s'emboneca...

A folha em branco aceita qualquer mundo,

Porém, mundos do mundo o meu olhar

Tem na imaginação por mais fecundo.

Como uma casa o texto estruturar

De abstractos e concretos de que abundo...

Tudo que, em meio aos livros, tem lugar.

Belo Horizonte - 01 05 1999