Noivo da solidão
Beijam-lhe as coxas os lábios do mar,
E a pele salga. Fausta, abranda-se a alma.
Se os olhos cansam, pedem pra deitar,
Na areia ela adormece, e o mar se acalma.
O sol, pra fazer bem mais e bonito,
Doa o bronze à textura do seu corpo.
E eu, que da solidão sou noivo, aflito
Ainda a espero no cais deste porto.
Talvez ao mar agora ela pertença,
E o meu amor já não mereça indulto;
Viver sem ela é a minha sentença.
Contudo a espera traz dias risonhos:
Na névoa das manhãs, vejo o seu vulto
A caminho do meu barco de sonhos.
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N. do A. – Na ilustração, amanhecer na praia de Caiobá, município de Matinhos, estado do Paraná, em foto do autor.