VERÃO NO CERRADO (soneto)

Lá fora o vento em agonia e rebeldia

Redemoinhando o taciturno cerrado

Do silêncio carrascal, fez-se agitado

Sob a chuva nua, acordando o dia

Na vastidão do chão, o tempo arado

Da sequidão para o sertão em urgia

Molhado da tempestade em romaria

Empapando o alvorecer enovelado

E neste, porém de tão boa harmonia

O horizonte na ventura é amansado

Enxurrando na procela a melancolia

Assim, vai-se avivando o árido cerrado

Do acastanhado que ao verde, barbaria

Ao rútilo encarnado do verão variegado

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

Janeiro de 2017 - Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 19/01/2017
Reeditado em 29/10/2019
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