ENFADO (soneto)

O quarto penumbroso e triste. Meu viver!

Um silêncio na alma que ela parece morta

Eu num olhar vago, uma pujança absorta

Não tenho ânimo, nem uma reação sequer

Rabisco gestos pálidos que a nada importa

O mundo lá fora a passos largos. Ouço dizer

O meu aqui dento de solidão põe a embeber

O vazio lânguido, num isolamento que corta

E neste enfado, no enfado inquieto do ser

Que é que me interessa além desta porta?

Se sempre é o mesmo, o mesmo parecer

Aqui neste útero meu sonho se transporta

Que diga a sorte, e o destino o que quiser

Aqui poeto quimera, que abre comporta... (do meu envelhecer!)

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

Novembro, 2016 - Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 07/11/2016
Reeditado em 08/11/2019
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