O BILHETE
Expedito Santos Neto, funcionário público estadual, um servidor Público exemplar, leva uma vida pacata, de rotinas inalteráveis, não por sua vontade e sim pelas forças das circunstâncias da vida. Sua vida era como uma sentença simples da língua portuguesa... seguida de um ponto final.
Todos os dias acorda cedo para pegar o trem lotado, e por causa disso, sempre acorda cedo, as 04:54 hs. sua primeira alimentação do dia é feito sempre as pressas, alimentando-se precariamente, por que sua mãe, prefere acordar mais tarde alegando a idade.... Estranho para uma idosa... idosos dormem pouco, e vigiam muito...
Sua mãe, Dona Marli Xathana, mais conhecida como dona “Xata”, é uma mãe típica, dona de casa de subúrbio carioca.
Mulher de personalidade forte, Dona Xata dedica a sua vida a fingir que cuidar do esposo, a fingir que cuida da casa, a fingir que ama a sua única filha, Carla, mais conhecida como "roleta", já que a moçoila era amiga que todos os cobradores de transportes coletivos do bairro. Aliás, a única coisa que realmente lhe inspira cuidados, é sua filha e parceira tramoias e periguetices, em quem deposita todas as suas
frustações não realizadas de um sonho de um casamento com um homem rico.
Por isso, seu maior desejo é que a filha case com um homem rico, seja ele quem for... Podia ser o que for, advogado, engenheiro casado... playboy casado... 171 tecnologicados... Era um leilão da buceta alheia!
Seu pai, o patético Uriel, era um anjo de criatura, está sempre doente... Ninguém sabia exatamente o que aquele santo homem tinha, diziam que era doença da alma, sem cura. Mas, para a sua esposa dona Xatana, ele vivia era “adoentado”...
O patético Uriel porém sempre consumia suas tardes sentado no banco da praça, chuva... sol... Estava lá. Se realmente era doente ou "adoentado", somente a sua esposa Xatana sabia, o fato era, não trabalhava, queixava-se muito, comia muito e só.
Expedito possui uma noiva; Embora Ele já não saiba se a ama ou não. Deve amar... talvez a ame. Mas de uma coisa ele tinha certeza, sua noivinha era uma chifreirinha! Uma quengaaaaa!! No entanto, ele prefere ficar com ela a viver sozinho, Apesar de ser bem conhecida a fama e conduta de infidelidades da moçoila, ele acredita que um dia ela mudará, em função disso, prefere fingir. Viver mentiras, as vezes, é melhor do que viver verdades!
Expedito, é funcionário público, ele é um especialista em não ver... em fingir... Magdala, sua noiva infiel, não nega sua natureza traiçoeira de vespa, é uma mulher bela, aliás, mais bela do que um homem como ele normalmente conseguiria conquistar. Egoísta por natureza, falsa e dissimulada, deseja muito e realiza pouco, trai seu noivo Expedito com frequência apenas pelo prazer de ser safada.
Expedito, era um cidadão pacato, beirando a mesmice. Talvez se ficasse parado em pé em uma calçada, um cachorro urinasse nele imaginando ser ele um poste... invisibilidade social para ele, era gentileza.
Mas, como tudo na vida está sujeito a Serendipidade, seu dia “D”, Ou melhor, seu dia “S” de serendimpo, chegou. E chegou para mudar a sua vida e dos seus.
haviam exatamente seis meses em que ninguém conseguia acertar os seis números mágicos da loteria esportiva. exatos seis meses em que ninguém desvirginava a bendita "buceta da fortuna"!
Seus amigos o chamaram para participar de um bolão da loteria, mas Expedito recusou-se. insistiram, ele respondeu com um não seco.
Santos Filho, aposentado por uma invalidez contestável, passa os dias de sua vida entre partidas de dominó na praçinha perto de sua casa e a leitura de jornais de dias passados...
Sua mãe, Dona Enidir dos Santos, mais conhecida como dona “Nidinha”, mãe de Expedito, é uma típica dona de casa de subúrbio carioca. Mulher de personalidade forte dedica a sua vida a cuidar do esposo, da casa e principalmente da filha piriguete em quem deposita todas as suas frustações não realizadas. Deseja para sua filha um casamento com um homem rico, seja ele quem for...
Débora, noiva de Expedito, é uma mulher bela. Aliás, mais bela do que um homem como ele normalmente conseguiria conquistar. Egoísta por natureza, falsa e dissimulada, deseja muito... E realiza pouco. Trai seu noivo Expedito com frequência apenas pelo prazer de ser safada. Todos, inclusive o senhor Expedito Santos Filho sabe das infidelidades da moça e ao invés de avisar o filho, deseja e comer a putinha também. Ocorre que, Expedito Neto, sabe de tudo, aceita por se achar incapaz de arranjar coisa melhor e, em função disso, prefere fazer-se de tolo... Porém, ele não é. E um dia, tudo vai mudar...

CAPÍTULO 1
Cena 1
Júnior, ou melhor, Juninho, melhor ainda! Ninho... Na verdade Nhô... É... É isso mesmo, “Nhô. Simples assim, ou melhor, simplório assim.
Acordou cedo, como de costume, até por que as suas cortinas da janela de seu quarto ainda não havia voltado da lavanderia e como sua janela ficava de frente ao nascer do sol, seu despertador era a luminosidade na cara. Pensou no motivo de tanta demora nesta lavagem das suas cortinas. Na verdade, deitado em sua cama, olhando seu velho ventilador de teto que estava quebrado a anos, reviveu a verdade tentando evitar reviver.
Sua mãe, que mandou as cortinas para lavar, na verdade, no meio do caminho da lavanderia entrou em um vuco-vuco de roupas usadas, um brechot, e vendeu suas cortinas... Ele sempre soube... Mas era sua mãe. Lembrou da última vez que ele cobrou dela que as cortinas voltasse da “lavanderia”...
_Meu filho você quer matar sua mãe! Assim eu vou enfartar, enfiarei meu dedo na tomada! Não, não, não... Vou passar suas roupas com o ferro elétrico descalça e molhada! Entre palavras, choros e soluços... _Além disso meu filho, sabia que seu Epaminondas e pai do Pamonhão?
_Tá certo mãe... Deixa para lá... Mas, Quem é Pamonhão?
_Filho dele meu filho! Aquele seu amiguinho de infância que entrou para a Firma! Shiiiiiiiii! Fala baixo!!!
_Ah... O que tá preso num presídio de segurança máxima? Sei sim. Como ele está?
_ Filho... Já pensou se ele fica sabendo que eu fui apressar o pai dele por causa de uma cortina?
Fechou os olhos, e mesmo com o clarão penetrando suas pálpebras, tentou dormir mais um pouco. Mas o calor não deixou... O ventilador quebrado não deixou... fazer o que? Lembrar do ventilador quebrado era lembrar de seu pai, sempre prometendo concerta-lo, sempre adiando... Sentiu-se desanimado.
Após passar alguns segundos com os olhos desta vez aberto olhando para o teto, resolveu levantar e arrumar-se para mais um dia de trabalho. Banhou-se como de hábito, escovou os dentes, penteou seus cabelos negros de fios finíssimos com brilhantinha de forma impecável. Vestiu-se de forma sóbria como sempre fazia:
Sapatos negros, calça de sarja negra, camisas de mangas compridas braquinhas, gravata cinza, um lenço no bolso. Tudo como ele. Tudo combinando e sem graça... Tudo pronto desceu as escadas do sobrado e foi direto para a sala onde todos já tomavam seus cafés da manhã.
Sentados a mesa para quatro pessoas estavam sua mãe, seu pai, sua irmã e sua noiva. Desta forma, não havia lugar para ele sentar-se e tomar seu café.
_Senta aí filho! Disse-lhe o pai já lendo desorganizado o jornal do Brasil.
_ Vai logo menino! Deixa de frescura e se aperta ai, quem acorda tarde, não escolhe lugar! Disse-lhe sua mãe com seu humor variável...

CONTINUA...
ELIZIO GUSTAVO MIRANDA DOS SANTOS
Enviado por ELIZIO GUSTAVO MIRANDA DOS SANTOS em 18/06/2017
Reeditado em 21/06/2018
Código do texto: T6031119
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