Resenha do Livro "O capa Branca."

A HISTÓRIA DE UM, QUE TORNOU SE MAIS UM.

Com base em manuscrito do autor, o jornalista Daniel Navarro, narrar no livro o capa branca em resumo a historia de um técnico de enfermagem, designado a cuidar de pessoas com problemas mentais no hospital psiquiátrico de Franco da Rocha, iniciada na década de 1970. O livro é dividido em três partes sendo a primeira o processo seletivo para ocupação do cargo de técnico de enfermagem, o segundo sua mudança para o hospital judiciário e a historia de alguns internos que se destacava, e a terceira parte conta todo processo de sua própria internação, os motivos na qual ele foi internado, e o que ele viveu como interno.

O autor relatar como foi o inicio com detalhes as três etapas do processo seletivo para contratação desde sua prova no concurso publico daquela cidade, o enxame psicológico, e o exame médico, suas transferências do hospital psiquiátrico do Junquery para o manicômio judiciário de Franco da Rocha SP. Até a sua aposentadoria por invalides.

O livro retrata com clareza que o Junquery não era diferente dos manicômios e asilos de outras cidades Brasileiras, tendo em vista à superlotação, as torturas de eletrochoque, algo que causava tensão e medo entre os residentes, os quartos de isolamento no junquery, o banho de água gelada de manhã, era semelhante a outros hospitais psiquiátricos. Um local onde o paciente foi tratado como objetos sem valor, pessoas que foram espancadas dentro do complexo, viviam naquele ambiente, seres humanos com seus direitos violados sem distinção de hipótese diagnóstica, tomavam medicações. Pessoas rotuladas pela a sua forma de vestir, de agir, e se comportar dentro do complexo.

No inicio do livro o autor afirmou que burlava o sistema, segundo Walter os capas branca sempre faziam translado de paciente de um hospital para o outro e pelo o que afirma na pagina 54 e 55, autor deixa claro que se corrompeu usando o carro de trabalho, que junto a um paciente sairão do hospital e foram se divertir em uma pequena vila distante da cidade onde havia prostibulo, nesse local taparão a placa do carro veraneio buscando esconder identificação da viatura para não serem denunciado.

Segundo FARIAS. (2014 pag. 55) Ao chegar ao local parou o carro em um local escondido desceram do veraneio e por a placa fica visível na direção do comercio foi colocado um pano velho na placa temendo que fosse denunciado, Adolfo pediu que ficassem calmos e se divertisse.

São descrições muito forte e desumana de uma realidade de como era esses manicômio a começar do residente ficar pelado, convivendo com ratos, alguns defecando e convivendo por dias no mesmo ambiente. Nota-se que esses locais são na verdade bem semelhante ao modelo penitenciário atual.

Na segunda parte do livro o funcionário (autor do livro) declara em detalhes como foi sua transferência para o hospital judiciário desde os residentes que ali ficavam até mesmo como funcionava a rotina, vale notar que ele dar ênfase no que acontecia de errado, segundo Walter os residentes comprava e vendiam dentro do complexo, afirmando que havia até rifas e venda de cachaça dentro do hospital, algo detectado por ele nos seus dias inicias de trabalho que mesmo ele sabendo tudo continuou normalmente, aliás, que nesse novo ambiente os residentes não respeitavam nem mesmo os funcionários.

O autor deixa claro que os residentes sofriam violação de direitos quando se negavam tomar a medicação proposta pelo os médicos:

Para Walter (2014 pag. 84) Quando alguém se recusava a tomar os remédios por bem, recebia todas as doses de uma só vez aplicada na bunda. No caso de tentativa de fuga, a punição era aplicada em três etapas: escopolamina, sulfa e surra; por fim, o fujão passava uma temporada trancado em uma sela no térreo ou no segundo andar.

É ridículo e esdrúxulo o modo na qual o doente mental era tratado naquela época, a ponto do Brasileiro sentir se envergonhado desse país tão desonesto, na qual apenas o coronelismo, os barões da época pisoteavam os enfermos e os pobres financeiros considerados por ele apenas como “lixo” que deve ser limpo da sociedade.

Ainda na segunda parte o autor com ardo de sensacionalismo continua a contar as historias dos residentes que para ele tinha um diferencial, sempre usando apelidos, camuflando a identidade oficial dos internos. Conta a historia de um apelidado de “sansão” que ficou famoso por ser agressivo, a ponto de socar a cabeça na parede e sempre ficar em sela isolada. Outro por apelido de “cota” por ter as pernas pequenas, ser ágil e agressivo. Outro por nome de “neguinho da madame” esse contava historia que provocava humor.

Insistindo no apelido o literato mesmo sabendo que tinha outro residente que se chamava Rosemiro, entretanto chamava o de “Pele do boxe” por ter tido uma carreira no esporte, Rosemiro se destacou, pois era bem tranquilo e não demostrava agressivo. Dentre outros residentes, apelidado de: “guarda costa”, o “bandido da luz vermelha”, e “adama” que era um interno cheio de segredos perante a sua religião.

O autor tinha como profissão técnico de enfermagem e naquela época, era chamado de capa branca, por consequência, tanto do serviço quanto da automedicação, ele aparentava densenvolver delírio persecutório tornando um cidadão inválido perante sua laborterapia, seus medos e delírios vieram se alastrar após ter assistido um filme com historia bem semelhante ao seu dia a dia no trabalho, com essa influência do filme o mesmo sofreu um surto psicótico, sentia vontade de gritar, pensamentos de que aquelas pessoas viriam lhe pegar, além de sentir calafrio, e não conseguir dormir direito tendo vários pesadelos daí em diante, além de não dar rendimento em seu trabalho, chegou a acumular trinta e duas advertências por não seguir ordens.

Vale destacar que anteriormente usei o termo cidadão para o autor, inconvenientemente todo o decorrer da historia são usados apelidos, tanto para paciente quanto para funcionários, ou seja, eram apenas personagens do sistema, fica claro que o literato é um técnico de enfermagem, entretanto a todo o momento é citado capa branca que pode ser um açougueiro, um medico, enfermeiro etc. Mais se percebe essa confusão de identidade.

É interessante notar que na terceira parte o escritor retratar a historia com ardo de piedade porque ele teve seus dentes arrancados a força, o mesmo apanhou e foi motivo de chacota e quase passou por uma sessão de eletroconvuções, ademais durante todo o sofrimento o mesmo buscava se destacar, pois já havia trabalhado naquele local algo que não lhe foi concebido regalias. Algo normal do Brasil atual em que vivemos onde a corrupção ocorre, porém por ser seu “fulano ou seu beltrano” não tinha punição, contudo a historia do livro demostra que o feitiço virou contra o feiticeiro, ou seja, antes o funcionário que tratava os pacientes como objetos e agora como um, está, pagando na mesma moeda perante suas antigas atitudes.

Vale lembrar que o funcionário foi internado por está impossibilitado de trabalhar, por ser diagnosticado com transtorno do pânico, no entanto o sistema tem apenas uma parcela de culpa das consequências passada por ele, pois o livro deixa claro que o autor tomava altas dosagens de medicação, como foi citado anteriormente, se corrompeu, quando estava internado bebia dentro do hospital escondido, fugia, saía e voltava para o complexo com ajuda de um colega funcionário que lhe deu duas peças de roupas a mais.

(O triste é saber que tem profissionais no nosso meio que mesmo estudando e ciente do conhecimento cientifico, continua fazendo essa prática, talvez por está condicionada (o) ou porque não quer sair da sua zona de conforto, pensando apenas em dinheiro e bem está pessoal. Profissionais digo pessoas que não tem condições nem de cuidar de animais, isso no nosso grupo, quanta petulância “revoltante”.)

Conclui-se que o livro nos trás dois olhar diferente perante a saúde mental por um lado mostra as mazelas que existia em hospitais psiquiátricos do Brasil no século passado, aliás, ainda existe! Não na mesma proporção, e que a reforma psiquiátrica foi um grande avanço para a promoção de saúde mental, ademais demostra um alerta a saúde dos profissionais que trabalham, nos diversos ambientes de saúde, ou seja, são também humanos que tem sentimentos e vive em estresse constante. Além de que mostra de forma camuflada os cuidados para uma reflexão, e um alerta a Síndrome de Burnout que está causando vitimas, profissionais que se automedicam e que grande maioria tem uma mini farmácia em sua casa, com remédios tarja preta. Contudo é um livro muito bom que soma conhecimento.

Referencias:

FARIAS WALTER. NAVARRO, DANIEL. O Capa Branca: de funcionário a paciente de um dos maiores hospital psiquiátrico do Brasil. São Paulo. Terceiro nome / 2014.

juvenal santos
Enviado por juvenal santos em 15/10/2017
Código do texto: T6143331
Classificação de conteúdo: seguro