RESUMO DO LIVRO 1984 (George Orwell 1948)

Winston, personagem central de 1984, último romance de George Orwell, vive aprisionado na engrenagem totalitária de uma sociedade completamente dominada pelo Estado, onde tudo é feito coletivamente, mas cada qual vive sozinho. Ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão (Big Brother). A ideologia do Partido dominante em Oceânia (Ingsoc cujo significado sugere socialismo inglês) não visa nada de coisa alguma para ninguém, no presente ou no futuro. O'Brien, hierarca do Partido, é quem explica a Winston que "só nos interessa o poder em si. Nem riqueza, nem luxo, nem vida longa, nem felicidade: só o poder pelo poder, poder puro".

Quando foi publicada em 1949, poucos meses antes da morte do autor, essa assustadora distopia datada de forma arbitrária num futuro próximo, tendo como pano de fundo a Guerra Fria iniciada em 45. No decorrer das décadas de 40, 50 e 60 era comum a mídia predestinar em forma de ficção as maravilhas que deveriam existir a partir do ano 2000. Aproveitando-se da onda de ficção o autor escreve em 1948 esse clássico. Orwell deixa claro estar contra o comunismo, impõe no leitor o pavor pelo regime político soviético, satiriza o regime Stalinista com o livro “A Revolução dos Bichos”, em que o personagem central é o porco Napoleão, personificando Stalin. Seu alerta não especifica apenas o socialismo, mas evidencia quanto ao perigo de qualquer regime totalitário. Seus principais ingredientes - um homem sozinho desafiando uma tremenda ditadura; sexo furtivo e libertador; horrores letais, vida e conduta austera constantemente vigiada pela teletela. Essa obra tem como alvo leitores de todas as idades, à esquerda e à direita do espectro político, com maior ou menor grau de instrução. À trama de sátira sombria repleta de surpresas algumas alegres, a maioria nem tanto.

Algumas das ideias centrais do livro dão muito que pensar até hoje, como a contraditória Novalingua imposta pelo Partido para renomear as coisas, com o propósito de dominar com maior facilidade as instituições e o próprio mundo, manipulando a realidade e impondo o virtual. Afinal, quem não conhece hoje em dia “Ministérios da Defesa" dedicados a promover ataques bélicos a outros países, da mesma forma que, no livro de Orwell, o Ministério da Verdade onde Winston trabalha só produz mentiras, O Ministério da Agricultura só promove o racionamento, o "Ministério do Amor" é o local onde Winston será submetido às mais bárbaras torturas nas mãos de seu suposto amigo O'Brien. Em represália do seu amor por Julia.

Muitos leram 1984 como uma crítica devastadora aos totalitarismos nazifascistas da Europa, de cujos terríveis crimes o mundo ainda tentava se recuperar quando o livro foi lançado. Nos Estados Unidos, foi visto como uma fantasia de horror quase cômico voltada contra o comunismo da hoje extinta União Soviética, então sob o comando de Stálin e seu Partido Único e inquestionável. No entanto, superando todas as conjunturas históricas e até mesmo a data futurista do título, a obra de Orwell ainda se impõe como uma poderosa reflexão sobre os excessos delirantes, mas perfeitamente possíveis, de qualquer forma de poder incontestado, seja onde for, de direita ou esquerda. “ O clássico 1984 “ é uma leitura indispensável para a compreensão da história moderna."

A história gravita em torno de um homem próximo dos 40 anos que trabalha no Ministério da Verdade alterando os dados de acordo com a conveniência do partido. Diariamente, os cidadãos devem parar o trabalho por dois minutos e no “momento do ódio” se dedicar a atacar histericamente o traidor foragido Emmanuel Goldstein e, em seguida, adorar a figura do Grande Irmão.

Separado de uma mulher com quem tivera casado por pouco tempo, ela era extremamente dedicada ao partido, vazia de sentimentos e emoções, Winston Smith morava sozinho em um modesto cômodo, pouco mobiliado, onde havia uma teletela para dar informações e vigiar o morador, porem havia um canto do quarto que ficava fora do alcance da teletela e Winston aproveitava esse local para escrever seu diário. Smith teve uma irmã que morreu quando criança, vítima da fome e doença promovidas pela miséria em que viviam. De seus pais restava uma vaga lembrança, não conseguindo saber se o pouco que lembrava se era realidade ou não, esse comportamento era padrão dos habitantes da Oceania nome designado para a parte do mundo que a Inglaterra agora fazia parte.

Após o partido dirigido pelo “Grande Irmão” provavelmente fictício, vencer seu inimigo Goldstein supostamente também fictício, por ninguém saber quem era e nem de seu paradeiro. Os moradores de Londres lembravam vagamente que estiveram a muito tempo atrás sob um regime denominado de capitalismo, porém só os mais velhos tinham vagas recordações embaralhadas, misturavam trechos de música com fatos possivelmente ocorridos. A Oceania sempre estava em guerra ou aliada com a Eurásia ou Lestásia se alternando. Sobre o regime capitalista diziam que era bem pior que agora, os patrões quando insatisfeito com o funcionário promovia diversos castigos físicos, incluindo o espancamento. Apenas aceitava-se o que o partido dizia: A Oceania sempre esteve em guerra com a Eurásia, A Oceania sempre esteve em guerra com a Lestásia, Dois mais dois são cinco e, ninguém podia contestar.

Por estar sempre vigiado no trabalho rua ou em qualquer local, Winston Smith sentia um desejo enorme de se contrapor ao partido, mas o risco era enorme, qualquer um que fosse pego era “vaporizado” seu nome e todos os registros referente ao cidadão infrator eram destruídos de forma que ninguém jamais saberia dizer se tal pessoa existiu. Confiar em alguém para tecer qualquer comentário sobre os destinos políticos da Oceania era por demais arriscados, nunca se sabia exatamente o que a pessoa era ou pensava. Qualquer um poderia pertencer a Polícia do Pensamento ou ser membro do Partido Interno. Os funcionários com graduação mais elevada tinham certos privilégios tais como: moravam em locais mais confortáveis com boa mobília, tinham alimentação de melhor qualidade, transporte próprio e outras regalias incluindo bebida e frutas, funcionários como Winston tinham pequenos privilégios, mas a grande maioria a prole levavam uma vida miserável e seu estado de ignorância era tão grande que nem chegavam a se aperceber de sua condição, todos tinham de comer, beber, vestir e usar todos os produtos de péssima qualidade da marca Vitória, fornecido pelo Estado. As outras pessoas em sua maioria não eram diferentes de Winston, cada qual levava sua vidinha pacata de servidor público, mas sempre muito atarefadas por vezes tinham de trabalhar até altas horas noite adentro. Tudo que um cidadão fizesses dentro ou fora do ambiente de trabalho era constantemente vigiado, quando não havia a teletela poderia haver microfones ocultos até em arbustos nos jardins ou praças, o mínimo movimento poderia ser comprometedor.

Um dos crimes imperdoáveis era o de um homem e uma mulher que trabalhassem para o partido terem um laço afetivo, foi justamente esse crime que leva Winston e Julia a sofrerem todas as torturas possíveis e imagináveis no Ministério do Amor. Ao tomar conhecimento por iniciativa dela que ele era amado, passaram a se encontrar em um quarto que alugaram no andar superior de uma lojinha de antiquários de propriedade de um senhor idoso e viúvo. Smith por algumas ocasiões tentou arrancar algumas informações do tempo de juventude do comerciante, mas foi inútil, o máximo que ele lembrava era de trechos de uma cantiga antiga, cuja letra não tinha nexo.

Winston e Julia durante uma visita a O’Brien, colega que trabalha no mesmo prédio, pedem para entrar para a organização que é contra o partido. O suposto amigo de início demonstra-se um pouco relutante, mas acaba aceitando ambos para trabalhar para a resistência e, deixa claro que em caso de serem pegos, não receberão ajuda de ninguém, estarão sozinhos. A grande surpresa de Smith ao ser preso pela polícia do pensamento foi relatada pelo próprio O’Brien que estava sendo vigiado a mais de sete anos. Durante as seções de tortura ele confessou tudo que o partido desejava, relatou nome e fatos até desconhecidos. A noção de tempo foi totalmente perdida não sabia se era dia ou noite se estava detido a meses ou anos. Não tinha mais nada a confessar, porém as torturas continuavam sem Winston entender o motivo. Somente após longo período de agonia promovida por O’Brien e pedindo para ser executado é que ele soube da razão, embora tivesse confessado tudo que pudesse faltava um detalhe, ele ainda não tinha traído Julia. Para tal propósito foi levado para a sala 101, diante da ameaça de ter o rosto corroído por ratos, Winston Smith suplica que essa tortura deva ser aplicada em Julia ao invés dele. Fato consumado acabara de trair Julia.

Outra surpresa reservada para ele, o partido pouco se importava com a atitude das pessoas, mas sim com o que elas pensavam. Smith e Julia não foram executados, mas se transformaram em perfeitos fantoches do partido. Após a libertação viram-se apenas uma vez, trocaram poucas palavras e cada um tomou seu caminho. Para Winston restava ainda a ultima surpresa, ao descobrir que após tudo o que sofreu nãos mãos de O’Brien em nome do partido, ele Winston Smith agora amava o Grande Irmão como desejava o partido.

George Não toma um lado, pois, demonstra que não há lados. Todos buscam o poder pelo poder. Todo governo quer se manter, rejeita a renovação, e para isso necessita de um inimigo. Precisa do horror, do medo, da violência e da ignorância para manter a 'ordem'. O mais importante do livro é que somos no século XXI protagonistas desse romance. Talvez de uma maneira não tão clara, tão violenta e autoritária. Mas está acontecendo, somos vigiados, a verdade é manipulada, temos nossos 'Grandes Irmãos', nossos supostos inimigos, nossas tão necessárias guerras. Nos mantém atrelados através de outros meios (sistema monetário, educacional, consumista, mídia, etc...) mas ainda assim, acreditamos no que ELES querem, comemos o que ELES nos dão, odiamos quem ELES querem, amamos a quem a Eles agradam, fazemos o que ELES mandam e, pensamos o que Eles desejam! É sem dúvida uma obra futurista almejando alertar para os perigos de um regime totalitário, sem perder, no entanto, a dose de sensibilidade que um bom romance deve ter.