Capitães da Areia

Esse livro fora editado pela Companhia da Letras-SP, no ano de 2009, com posfácio de Milton Hatoum, sendo Jorge Amado o autor dessa obra.

Jorge Amado nasceu no dia 10 de agosto de 1912, em Itabuna, no estado da Bahia. Em 1914 seus pais transferem para Ilhéus onde ele estuda as primeiras letras. Em 1927, ainda aluno do Ginásio Ipiranga em Salvador, começa a trabalhar como repórter policial para o Diário da Bahia. Em 1933, Jorge Amado se casa com Matilde Garcia Rosa. De 1931 a 1935 frequenta a Faculdade Nacional de Direito, formando, mas nunca exercendo a advocacia. Em 1933 Gilberto Freyre publica Casa Grande e Senzala, influenciando profundamente a visão de mundo de Jorge Amado. Em 1931 publica o seu primeiro livro "O país do Carnaval", em 1933 publica "Cacau" e "Suor" em 1934, em 1935 "Jubiabá", em 1936 "Mar Morto" e em 1937 "Capitães de Areia". Em 1944 separa de Matilde Garcia Rosa e em 1945 casa-se com a paulistana Zélia Gattai. Em 1992 Jorge Amado escreve seus dois últimos livros: Navegação de cabotagem e A descoberta da América pelos Turcos. Em 1996 sofre um edema pulmonar e em 2001 depois de sucessivas internações vem a falecer no dia 6 de agosto de 2001.

Conforme a descrição do livro: "Estranhas coisas entraram para o trapiche, não mais estranhas, porém, que aqueles meninos, moleques de todas as cores e de idades as mais variadas, desde os nove anos aos dezesseis anos, que à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam, indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes o lavava, mas com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os ouvidos presos às canções que vinham das embarcações..."

Os Capitães da Areia era um grupo de crianças que marginalizados pela sociedade e carentes de pai, mãe, carinho, afeto, viviam no trapiche sob o comando inicialmente do caboclo Raimundo, que viera a perder a chefia para Pedro Bala no momento de uma briga, onde Raimundo cortara o rosto de Pedro Bala com uma navalha. Ai Raimundo começara a perder ponto com o grupo, uma vez que feriu Pedro Bala sem o mesmo estar armado. Noutro dia, Raimundo quis surrar Barandão, Pedro tomou as dores do negrinho e travou uma luta com Raimundo saindo vencedor. A partir desse momento o caboclo Raimundo fora embora, deixando o grupo e Pedro Bala passa a ser o novo chefe dos Capitães da Areia.

Pedro Bala nunca soube da sua mãe, mas seu pai Raimundo, era um líder grevista e fora assassinado pelos policiais no movimento grevista das docas. Pedro era o único loiro do grupo.

Além de João Pedro alguns outros membros do grupo se destacaram que são eles: João Grande, embora tivesse apenas 13 anos, era o mais forte dentre eles, musculoso. Passara a fazer parte do Capitães de Areia a partir do momento que seu pai, um carroceiro, fora atropelado e morto por um caminhão. O Querido de Deus era o mestre em capoeira. O Gato era um bom malandro que enrolou com a prostituta Dalva, ele gostava muito de um baralho e com ele dava tombo nas pessoas. João José, o Professor era o mais culto, roubava livros para lê-los e depois ia ajuntando formando sua biblioteca, era o mentor do grupo, todos os assaltos do grupo era arquitetado por ele. O Sem-Pernas falava alto, ria muito, era o espião do grupo. Sempre quando iam roubar alguma casa, mandavam ele na frente. Devido ao defeito físico que ele tinha era coxo, as pessoas apiedavam dele dando serviços em suas casas, e era ai que ele observava tudo e depois passava todas as coordenadas para o grupo. Pirulito era magro e muito alto, uma cara seca, meio amarelada, os olhos encovados e fundos, a boca rasgada e pouco risonha. Era o mais beato e temente a Deus. O Boa Vida era um que não gostava de fazer assaltos, só ia quando era obrigado, era preguiçoso, gostava só de ficar no trapiche deitado e curtindo o cais. O Volta Seca era o que levava mais jeito de bandido, era afilhado de Lampião. A única mulher integrante do grupo era Dora, tinha treze para catorze anos, que tinha um irmão pequeno chamado Zé Fuinha, os dois eram filhos de Estevão e Margarida que foram mortos pela varíola. Dora era uma adolescente ajuizada, séria, mas andou o Salvador inteiro a procura de emprego, mas devido os seus pais terem sido mortos dessa doença tão cruel, todos fecharam suas portas, não restando outra alternativa para Dora e Zé Fuinha se refugiarem no trapiche, sendo recebidos pelos Capitães da Areia, que mesmo sabendo da procedência da morte dos pais, não os rejeitaram. Podemos ver nessa situação da Dora, como a Sociedade é dura, cruel, preconceituosa, marginalizando os mais fracos, os mais carentes, os mais oprimidos.

O livro todo se desenrola em torno desse grupo de crianças marginalizados pela sociedade, que para poder sobreviver são obrigados assaltarem casas de famílias. E devido a isso irão ser mais e mais excluídos da sociedade.

Mas tem passagens bem emocionantes como a do Sem-Perna que por duas vezes encontrou aconchego, carinho, até era beijado pelas donas das casas, uma era uma mãe que via nele a figura do seu filho que tinha sido morto e tratou-o com todo carinho, dando-lhe um quarto, comida, toda pompa que uma família de classe média. A outra era uma solteirona que devido a sua carência, dava a ele aquilo que ele mais necessitava, que era o afeto, carinho, beijos, mas mesmo diante de tudo isso, Sem-Pernas se viu como traidor, por que estava deixando de passar as coordenadas para o grupo, a sua lealdade ao grupo falou mais alto, fizera com que por duas vezes, ele renunciasse tudo de mais precioso que recebera. Infelizmente essa última atitude dele, fez com que ele ficasse deprimido, triste, e um belo dia acabou pulando do elevador para se safar da polícia, vindo a falecer.

Em um certo momento Pedro-Bala e Dora foram presos, Pedro no reformatório e Dora num orfanato, ficaram um mês preso, até serem libertos pelo grupo. Só que Dora adoecera no orfanato, a febre era tão alta que ela não iria resistir, mas antes de morrer, se entregou para Pedro-Bala para se amarem, Pedro devido ao seu estado hesitava, mas ela insistia, e diante de febre tão alta eles fizeram amor, sendo que ela logo após essa relação expirou.

O padre José Pedro era uma das poucas pessoas que se importavam com aquelas crianças do bando, e sempre procurou estar próximo dos meninos, com o intuito de levar as boas novas do evangelho, mas devido ao fato de ser bem próximo dos Capitães de Areia, era visto pelas autoridades Eclesiásticas com olhos atravessado. O sonho do padre era ter uma paróquia para tomar conta e somente depois de muitas tentativas, conseguiu uma paróquia, mesmo assim lá dentro do sertão.

O professor, além de culto, sabia desenhar, uma vez por acaso pintou um artista na praça, ele gostou do desenho e fez um convite para que ele fosse pintar no Rio de Janeiro. Inicialmente houve uma certa relutância, mas no fim aceitou o convite e tornou um grande pintor que pintava principalmente essas marginalizações urbanas.

O Boa Vida aos poucos, foi saindo do grupo e foi convivendo mais nas festas, nas serestas, onde toca violão, virando um bom malandro.

Pirulito devido a ajuda do Padre José Pedro, se tornou frade num convento.

O Gato foi embora com sua mulher arrancar dinheiro dos coronéis em Ilhéus.

Volta Seca acabou indo atrás do seu padrinho, entrando no bando de Lampião. Matara mais de 60 pessoas.

Pedro Bala foi convidado pelo movimento grevista, entrando para a Organização comandando uma brigada de choque formada pelos Capitães da Areia.

Na verdade essa obra é uma crítica que o autor faz o tempo todo da Sociedade, ela abraça quem quer e geralmente são os mais poderosos, e pessoas iguais essas crianças são marginalizadas, vivendo na periferia, e nem sempre elas querem viver nesse mundo da marginalidade, mas por falta de oportunidades são obrigados a se lançarem no mundo da criminalidade.

Apreciador
Enviado por Apreciador em 06/07/2017
Código do texto: T6046865
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