Memórias Póstumas de Brás Cubas

Machado de Assis no meu humilde entendimento é considerado o maior romancista brasileiro ao lado de José de Alencar. Ele nasceu no Rio de Janeiro no dia 21 de junho de 1839, sua família era extremamente pobre, muito cedo perdeu a sua mãe, sendo criado por sua madrasta. Ele apenas teve o primário, mas foi um autodidata, tornando um dos maiores escritores do país, deixando um legado grandiosíssimo para a literatura brasileira entre contos, peças de teatros, poesias e romances. Machado de Assis veio a falecer no Rio de Janeiro, depois de ter sido acometido de um câncer no dia 29 de setembro de 1908.

O livro do qual farei a resenha foi editado pela Record, na sua oitava edição, no ano de 2008 que faz parte da coleção "Descobrindo os clássicos".

Memórias Póstumas de Brás Cubas, foi escrito em 1881 marcando a transição de Machado de assis do Romantismo com os romances Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878), onde o foco era as relações amorosas e o amor para o Realismo. Já no realismo Machado de Assis passa abordar o cotidiano do ser humano com suas virtudes e vicissitudes.

A impressão que tive que nesse livro,o autor quis sair um pouco do método convencional, trazendo uma certa irreverência, uma certa dose de humor, quebrando protocolos. A começar que o romance narra a história de um defunto autor, onde Brás Cubas começa a narração a partir do momento da sua morte.

Brás Cubas era um jovem muito peralta que aprontava de tudo, chegando ao ponto de tocaiar e descobrir o romance secreto da solteirona dona Euzébia e Dr. Vilaça, levando a pobre coitada a humilhação, expondo o seu segredo a todos.

Durante a adolescência teve uma paixão tão intensa com a prostituta Marcela, que se o seu pai não o enviasse a Europa para estudar, poderia estar falido. Sendo que o próprio Brás relatara que foram 15 meses de relação e 11 contos de réis.

Durante um período da sua vida Brás Cubas chegou até a apaixonar por Eugênia, filha de dona Euzébia, mas o fato da menina ser manca o incomodava muito, fazendo com que esse amor não desse continuidade.

Grande parte do livro é relatando a relação proibida de Brás Cubas com Virgília, esposa do seu amigo Lobo Neves que poderia dizer que era aquele típico "corno conformado". Romance esse que começou do interesse que o pai de Brás tinha que ele entrasse na política, apresentando ele ao conselheiro Dutra que era pai de Virgília.

Como se não bastasse essas mulheres que já amofinavam o coração de Brás Cubas, sua irmã ainda resolveu arrumar uma amiga para casar-se com ele, mas essa jovem infelizmente morreu aos 19 anos.

O livro comenta muito sobre a política, uma vez que o Lobo Neves seu amigo casado com Virgília era um político, chegando em certo momento querer que Brás fosse seu secretário, fato que não foi consumado devido o dia que esse documento foi celebrado, dia treze, sendo que Lobo Neves era muito supersticioso desistindo de aceitar esse cargo. O livro fala um pouco também sobre filosofia.

Em suma, não é um livro muito fácil de ser compreendido, sendo que o próprio autor escreve um capítulo ressaltando isso que faço questão de ressaltar: "Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho o que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, por que o maior defeito desse livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar, tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam á direita e á esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem..." Capítulo 71, página 121.

O autor realmente tem toda razão ao fazer esse comentário, as vezes o livro dar um nó na nossa mente, sendo necessário muita disciplina para chegar ao fim da leitura.

E pra finalizar Brás Cubas, tentando o seu reconhecimento, resolve criar um emplasto que iria curar todas as enfermidades da humanidade, mas quando resolve fazer a divulgação do seu produto morre aos 64 anos de vida.

Apreciador
Enviado por Apreciador em 29/06/2017
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