Resenha do Livro “Em busca de sentido" - Viktor E. Frankl

Resenha Acadêmica do Livro: “Em busca de sentido – Viktor E. Frankl”

FRANKL, Viktor E. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração/ Viktor E.Frankl. Traduzido por Walter O. Schlupp e Carlos C. Aveline. 25. ed.- São Leopoldo : Sinodal ; Petrópolis: Vozes, 2008.

O livro em sua totalidade apresenta a vida de Viktor E. Frankl dentro de alguns campos de concentração nazistas, suas experiências com outros prisioneiros de campo, frustrações e a sua capacidade admirável de resiliência dentro dos mesmos. O livro também trata da sua abordagem psicológica de trabalho psicoterápico, chamada logoterapia, baseada nas suas experiências. Tanto a sua escola de pensamento como os métodos utilizados pela mesma estão diretamente relacionados ao tempo de vida dentro dos campos de concentração.

O presente livro é dividido em dois capítulos, dentro dos mesmos alguns subtítulos são inseridos de forma criteriosa para a exposição minuciosa e prática do conteúdo, quando se refere às experiências relatadas pelo autor e as técnicas de sua abordagem teórica. O livro soma ao todo, 186 (cento e oitenta e seis) páginas, incluindo os prefácios e os dados bibliográficos.

Vitktor E. Frankl foi um médico psiquiatra austríaco que por um longo período foi inserido em um campo de concentração nazista, lá como recluso recebeu um péssimo tratamento dos que estavam comandando os presos do campo (alguns que já eram presos desde muito tempo, chamados “capos” e outros já designados para o comando), desde tortuosos ferimentos físicos por todo o corpo, resultado de pontapés e “bofetadas”, até graves pressões psicológicas, que segundo o autor eram piores que as agressões físicas.

Observando essas agressões psicológicas e também sendo vítima delas, o autor chega à conclusão de que o que mais torna um recluso do campo de concentração “sem direção” é o tratamento psicológico agressivo que ele recebe. Mesmo assim, o autor com um pensamento bem direcionado ao Existencialismo (corrente filosófica de origem do século XIX) acredita que, em meio as tortuosas circunstancias que cercam o encarcerado, a decisão de se angustiar e tornar-se deprimido é uma escolha do próprio sujeito, e que se tornando consciente de algum sentido pra sua vida, o mesmo consegue uma estrutura firme para manter mesmo com dificuldade a sua própria vida.

Frankl destaca de forma sucinta o que mais atinge psicologicamente os sujeitos dentro de um campo de concentração e o que a maioria é capaz de fazer para manter sua sobrevivência em meio a tantas dificuldades.

Para Frankl, o ser que tem um sentido em sua vida e que dele não se separa, possui uma alta capacidade de resistência e resiliência, ele mesmo provou isso em seus relatos durante todo o sofrimento dentro dos quatro campos de concentrações que passou alguns atuando como médico para o tratamento de reclusos enfermos.

O teórico começa a partir daí, baseando-se em uma filosofia existencialista e humanista, nos relatos dos encarcerados, na observação criteriosa e empirista, a estruturar a sua teoria de forma que dê ao ser humano sua devida exaltação e responsabilidade, levando em consideração não apenas a vida dentro de um campo de concentração, mas também a vida daqueles que saíram e ainda vivem em conflitos existenciais e também daqueles que nunca entraram em um campo de concentração, mas que vivem em busca de um sentido para suas vidas.

A sua teoria, baseada em todos esses conhecimentos e experiências, leva o indivíduo a descobrir esse sentido que de alguma forma não está podendo ser acessado pela consciência. Na logoterapia a prioridade não é que o homem chegue a homeostase apenas, mas que na tensão que ele está vivendo, o mesmo descubra um sentido para a sua vida. O sofrimento não é a única forma de se encontrar com este sentido “perdido”, viver na busca de não sofrer em determinadas situações também nos faz descobrir o mesmo, não precisamos estar sempre querendo sofrer para alcançá-lo. “Afinal, sofrimento desnecessário é masoquismo e não ato heróico.” (FRANKL, Viktor E. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração/ pag. 170/ 1991).

O livro possui um conteúdo riquíssimo de informações para todos os públicos, em especial, psicólogos, estudantes de psicologia e interessados na ciência. As experiências contadas por Frankl, dentro dos campos de concentração, nos ajudam a olhar para algumas situações corriqueiras da vida de outra forma e ao apresentar as técnicas de sua abordagem e a aplicação delas, pode-se perceber que todas são de origens experimentais e experienciais, validadas como ciência.

Viktor E. Frankl (1905-1997) médico e psiquiatra, já na adolescência se dedica ao estudo da filosofia naturalista e também ao estudo psicológico, entra em contato também com Sigmund Freud e a psicanálise. Grande parte de suas contribuições estão voltadas para seus livros com base no “sentido da vida”, suas experiências dentro de alguns campos de concentração para a criação de sua linha teórica e psicológica de tratamento, a logoterapia e também suas influências dentro da linha humanista e existencialista, como um dos principais teóricos dos dois ramos filosóficos.

Everton Damasceno Silva, 18 anos, estudante de Psicologia da Faculdade da Amazônia Ocidental.