No Tempo dos Cavaleiros da Távola Redonda-Michel Pastoureau.

NO TEMPO DOS CAVALEIROS DA TÁVOLA REDONDA

Michel Pastoreau, medievalista francês, começa sua obra, já na introdução, explicando o motivo que o levou a dar o nome ‘’No Tempo dos Cavaleiros da Távola Redonda’’ ao seu trabalho. Segundo o autor, todo o período da Idade Média que consiste, nesse caso, o século XII e início do XIII na França e Inglaterra, principalmente, tem como foco a ser seguido aos grandes feitos do rei Arthur e seus cavaleiros, e como essa obra literária serviu de base para toda a sua pesquisa sobre Idade Média, vale lembrar que a távola mencionada no título da obra, é uma suposta mesa onde sentaram o lendário rei Arthur e seus heróicos e orgulhosos cavaleiros, fim de obterem igualdade e sem distinção de lugares.

Isto posto, o autor se encarrega de nos lembrar que, para fazer esse trabalho e todos os outros que já fizera, tem o cuidado de dizer sobre a dificuldade de encontrar fontes confiáveis, porém, deixa claro que a literatura em questão é uma fonte, mesmo que com muitas lacunas, exageros e anacronismos, entretanto válida para se obter informações valiosas, a fim de aprofundar seu trabalho e, consequentemente o trabalho de todo bom historiador. O autor conta que utiliza-se de várias fontes como: documentos, cartas, pinturas, esculturas, literaturas e até mesmo canções da época. Tudo isso para preencher as lacunas do tempo e nos apresentar um retrato mais fiel possível sobre a Idade Média nos séculos XII e XIII.

Logo no primeiro capítulo, o autor nos conta que houve um grande crescimento demográfico de inúmeras causas como: longos períodos de paz e segurança, inovações dos equipamentos agrícolas, a volta dos movimentos comerciais e o surgimento de novas áreas produtivas, tudo isso colaborou para o aumento da população de forma considerável.

A alta taxa de natalidade nesse período se dá desde o mais pobre, até a grande realeza, sendo que, os valores, onde as informações sobre o nascimento são mais detalhadas por conta de documentos, a fim de cuidar da parte burocrática como heranças e linhagens dos filhos.

A mortalidade infantil é muito grande, a maioria das crianças não ultrapassa os cinco anos, e muitas não completam nem um mês de vida, por esse motivo, a Igreja ordena que o batismo seja realizado muito cedo, geralmente um dia após o nascimento, para isso a cerimônia era muito simples. Porém, tinham algumas peculiaridades, como o fato de ter muitos padrinhos e madrinhas para guardarem as lembranças dos acontecimentos até os seis anos de idade e as crianças ficavam sob os cuidados das mulheres e suas preocupações eram apenas pueris.O autor nos conta da imprecisão de mais fatos, além de tudo a falta de fontes.

O casamento nessa época não era como em outras épocas. Era um fato patrimonial, político e econômico. Ela assinala a união de duas famílias, linhagens ou fortunas, para criar uma família sólida. Por essas razões, casar era fundamental, porque depois que os faziam, sempre o repetiam, caso houvesse a viuvez , isso também está posto para as mulheres, que se casaram diversas vezes, sempre que precisassem, até mesmo com homens muito mais jovens do que elas, entretanto, isso era exceção.

O casamento é um sacramento realizado na igreja com normas e costumes legislados por ela. Existem poucos impedimentos que podem anular um casamento, porém, poucos o fazem por se tratar de assuntos burocráticos complexos.

A velhice na Idade Média não era como a conhecemos hoje, visto que, a expectativa de vida nesse período é muito baixa, por volta dos trinta e cinco anos, e quem passasse disso, chegam aos cinquenta anos. E o velho pode exercer funções em todos os serviços disponíveis, principalmente nas vigílias e guardas, por exemplo.

A longevidade varia muito das condições em que se vive, posto que, é mais fácil encontrar idosos em mosteiros e na nobreza em detrimento aos habitantes mais pobres, visto que, os mais pobres estão sujeitos a diversos tipos de problemas, como pestes, mudanças climáticas e as más colheitas, que fatalmente o levará a morte pela fome.

A questão do tempo para o homem medieval, é basicamente religioso. Esse homem não tem pressa e nem um conceito relativo de tempo. Apenas alguns poucos clérigos tem noção do tempo porque o estudam através do sol e do movimento das estrelas. Para o homem comum, tanto o cavaleiro quanto o camponês, tem como base de tempo as tarefas e rituais diários que exercem, isso o autor dá o nome de tempo curto ou jornada. Essa jornada está diretamente associada nas mudanças climáticas, sendo um tempo mais curto no inverno e um período mais longo no verão.

Em relação ao tempo longo, as regras são citadas pela igreja, pois todos são tributários dela. O calendário litúrgico são os responsáveis pela marcação dos meses, pois é a partir deste que o homem comum sabe qual é a época do ano, onde estão e assim se baseia nisso para cuidar de suas colheitas. Entretanto, para todos existem os tempos bons e os tempos ruins.

Para falar sobre a sociedade do século XII, o autor frisa que, essa sociedade é cristã, e para fazer parte dela, era necessário ser cristão, mesmo que judeus, pagãos e muçulmanos sejam tolerados, todavia são excluídos.Era uma comunidade hierarquizada e com uma estrutura piramidal , começando com o rei, até os servos mais pobres. A noção de nação não existe, entretanto existe um poder que decide as leis e dita as regras.

A Europa Feudal, tem como principal riqueza o que é produzido na terra, e é constante o perigo fora dos feudos. Existe necessidade de um senhor, um nobre que tem vários vassalos. Em troca de proteção, esses vassalos juram obediência ao senhor e isso implica ao serviço militar.

O senhorio podia ter várias terras e domínios, portanto, tinha que se locomover constantemente entre um lugar e outro ,isso tornava a corvéia fundamental. É o senhor que é dono da terra, cabe a ele administrar tudo, inclusive moinhos, fornos e reservas.

Os vilões eram aqueles servos mais próximos do senhor feudal, posto que, recebiam maiores privilégios pessoais e econômicos, porém tinham menos deveres pois doaram suas terras em troca de proteção. Por outro lado, os servos eram responsáveis pelos trabalhos mais pesados e recaiam sobre eles as tributações maiores, tendo que trabalhar por mais tempo nas terras do senhor. Isto fez com que a palavra vilão, fosse usada para indicar algo ruim.

As cidades, geralmente não passavam de aldeias, pois era da terra que se tirava todo o sustento, isto até a retomada do comércio e a criação de moedas como forma de pagamento. O negociante que antes era um andarilho, até se fixar nas cidades atraindo outras pessoas que podiam estar em segurança das muralhas, que foram crescendo junto com as cidades. Os moradores da cidade eram em suma, artesãos, comerciantes, operários, aprendizes e trabalhadores de todos os tipos.

Existe uma categoria que está presente em todo mundo medieval que são os clérigos. A sociedade eclesiástica, são extremamente diversificada. São religiosos que usam trajes específicos e não se submetem a nenhuma lei além da lei da igreja. Por outro lado, são proibidos de participarem de negócios comerciais.

Os benefícios são os rendimentos dos clérigos, são pagos pelos feudos e são usados para o sustento na igreja. O papa é o grande líder da igreja, cuida de todos os outros membros eclesiásticos, como a escolha do bispo, impondo seu candidato. O arcebispo age como titular de uma diocese metropolitana. São figuras poderosas, que até o rei e o papa cuidam de perto. A grande maioria dos padres servem nas paróquias rurais, são recrutados no próprio local e vivem apenas de seus rendimentos e assegura a gratuidade do culto e do sacramento. Entretanto, cobrar pelo batismo e pelos funerais era algo corriqueiro.

A cavalaria, como é conhecido através da literatura ou do cinema, está longe de ser o que realmente era. Os cavaleiros pertenciam a uma porção muito singular da população, visto que, a tendência eram os cavaleiro serem recrutados entre os filhos dos cavaleiros, tornando um ato quase hereditário. Dois motivos básicos levavam a isso. O primeiro era que os cavaleiros estavam ligados à aristocracia, formando assim, um grupo distinto. O segundo fator faz alusão ao poder aquisitivo do indivíduo, posto que, era muito caro cuidar e ter um equipamento de cavaleiro, assim como ter um cavalo e pagar pela cerimônia de sagração.

O cavaleiro vivia para a batalha, e para isso se preparava duramente muitos anos na sua formação. Eram necessário muitos anos para que aprendizes pudessem ser um cavaleiro de fato. Os títulos eram transmitidos um para o outro em cerimônias distintas e bem organizada.

A cavalaria não é apenas uma maneira de viver, mas também uma ética. O cavaleiro deve sempre estar pronto para defender o seu soberano e os mais fracos, assim como a honra de uma donzela. Apesar de não terem uma vida muito grandiosa, como contado nas histórias, os cavaleiros tinham admiração e respeito. O modelo de todos os cavaleiros, é a corte do rei Arthur.

Com o aumento da população no século XII, foi necessário criar novas áreas de plantações e moradias. Por esse motivo, em pouco tempo os arroteamentos foram muito importantes para a criação de novas áreas de plantação. Esse trabalho era muito difícil, porque as técnicas de extração das árvores eram muito rudimentares e a criação de machados de ferro, deixou o trabalho mais rápido e dinâmico. Nesse cenário as charnecas e os pântanos ganham novos olhares a fim de também serem utilizados.

As florestas são ainda muito importante, visto que, é delas que são retiradas as madeiras, plantas medicinais, caça, alimentos e uma variedade muito grande de animais, além de frutos que não são encontrados no vergel.

O vergel nada mais é do que o jardim do castelo, que geralmente fica ao redor do castelo, e, lá são cultivados legumes, verduras e todos os tipos de temperos, além de contar com um grande pomar de frutas de todos os tipos.

O século XII é o século do castelo feudal clássico. Um terreno cercado de várias muralhas, feitas de pedras e madeiras que serviam como base política e militar, e era centro do domínio feudal.

A primeira muralha do castelo é destinado a conter ataques eventuais de todos os tipos, por isso tinham cercas vivas, estacas pontiagudas e todo o tipo de fortificação necessário. No alto da muralha, encontra-se o local onde é reservado para a ronda, serve para vigiar e se comunicar. A um grande portão levadiço que serve para atravessar um fosso que fica em volta. Esse fosso, podia ter dez metros de profundidade, e dez metros de largura.

Dentro dessa muralha, existem ainda duas outras, de menores dimensões, mas com os mesmos princípios de proteção. A distância que se separam são muito grandes, o que faz do castelo uma pequena cidade fortificada. O espaço entre as duas primeiras muralhas, são o pátio inferior, onde ali funciona todos os tipos de oficinas,de ourivesaria e tapeçarias, que poderiam ser usadas para diversas funções, como por exemplo, formar as paredes ou como cortinas para a janela. Essas não costumam ter vidros porque se tratava de um item muito caro, usado somente nas igrejas.

A luminosidade do torreão eram de tochas e velas ou do fogo das lareiras, principalmente no inverno, a cama é posta para que os pés fiquem virados para a lareira.O quarto do senhor era o lugar mais importante do torreão, ali que se dava o ato nupcial que era muito importante por gerar herdeiros.

O castelo em geral é muito entediante e as visitas eram muito bem vindas, porque as histórias alegravam a corte e eram muito apreciadas. Se o luxo e requinte dominava o castelo feudal, a moradia dos camponeses não passava de uma choupana. Eram casas com um telhado baixo, e ao contrário do castelo onde o chão era forrado com tapetes, pelos de animais exóticos e folhas aromáticas, no casebre, o chão era de terra batida coberta com forro ou palha. A única parte importante na casa dos camponeses era a reserva de cereais. Muito raramente se servia de uma adega de vinhos, ao contrário do senhor que disponibiliza de uma grande variedades de vinhos. Na habitação dos camponeses, assim como nas dos senhores, havia poucos móveis. Pois para o homem do século XII a moradia era pouco usada e apreciada devido aos grandes afazeres fora dela.

A alimentação no século XII, se baseia principalmente de carne entre os nobres e grãos e sopas para os camponeses. De modo geral, os alimentos são variados e encontrados em todos os domínios feudais. Se constituem em rabanetes, tomates, alho, cebolas, batatas, abóboras, vargens, feijão, couve, pimentão e todos os tipos de leguminosos e folhagens. Entre as frutas, são citadas especificamente a maçã, o damasco e a pêra. Entre as carnes, a principal era a carne bovina, que com o arroteamento, foi possível uma maior criação desse animal. As aves forneciam uma grande quantidade de caça. Entre essas caças, praticamente tudo era aproveitado, dessas aves pequenas até faisões eram apreciados. Existiam outras aves que eram consumidas, tanto por senhores quanto por servos, eram aves domésticas como galinhas e pombos, de onde se extraíam os ovos que eram muito consumidos. Os porcos, eram animais bastante importantes, posto que, ele era muito utilizado em sua totalidade, desde a pele até a gordura.

O consumo desses produtos, varia de quantidade de acordo com a casta social, sendo mais consumida pelos nobres, enquanto os pobres pouco comem. Além de vinho, eram também consumidas as cervejas, que eram preparadas como sopas e muito apreciadas, tanto na nobreza, quanto no clero. Ainda havia os licores de frutas e as sidras que eram as bebidas comuns nas aldeias.

A alimentação do homem do século XII e XIII, era muito desregulada por conta da falta de alimentos abundantes. Muito tempero no meio aristocrático, e muita farinha para os servos. Entretanto a abstinência pode ter sido fundamental para a manutenção estética desse homem. E a igreja impõe severos períodos de jejum para os fiéis, onde se poderia fazer apenas uma refeição por dia. Isso, segundo o autor, só é praticado na teoria.Para o homem feudal, a alimentação é um ato muitas vezes aristocrático, onde durante as refeições, são tratados todos os tipos de assunto político e militar.

A sociedade feudal é uma sociedade baseada em signos. Toda sua estrutura é formada de maneira peculiar, onde as vestimentas, as cores, brasões ditam qual casta social o indivíduo pertence. Segundo o autor, nessa época surgiu a moda. Moda essa que tem influência de vestimentas tanto da época das invasões bárbaras, até vestimentas muçulmanas e orientais principalmente por causa das sedas e cetins usados para fazer a roupa. As roupas eram muito importantes, posto que, significava status e nobreza. As cores claras eram mais apreciadas em detrimento as cores escuras. As roupas masculinas e femininas, tinham poucas, porém, peculiares diferenças entre si onde a diferença estava mais na silhueta das mulheres.

Os brasões eram necessariamente símbolos que ajudavam a identificar uma família. Foi criado principalmente durante as batalhas, já que, eram os próprios cavaleiros que cuidavam das suas armas e vestimentas, e, por isso, desenhavam formas geométricas ou animais, ou até mesmo, temas ligados a natureza, como árvores, por exemplo. Os escudos eram pendurados nas paredes juntamente com as espadas e lanças outrora utilizadas pelos cavaleiros e senhores durante investidas militares.

A guerra é a vida dos combatentes e a busca de gloria se da através de guerras, entretanto, segundo o autor, por ser uma sociedade cristã, os combates entre cristãos foram proibidas pela igreja, com exceção das cruzadas. Os cavaleiros tinham pouca utilidade e basicamente servem como apoio a algum grande senhor.

As guerras romantizadas e honradas são postas de lado pelo autor que afirma que as batalhas eram mais covardes e desleais do que se poderia imaginar. Matar um inimigo não era interessante, ainda mais se fosse um cavaleiro, esse era capturado e depois serviria como moeda de troca, através do resgate. Para os pobres da cavalaria na guerra , só restava a morte.

No século XII, diferente dos séculos anteriores, onde a talha era um pagamento obrigatório, poderia se pagar com moedas, isso tornou o serviço militar carente de novos recrutas e por isso uma categoria diferente apareceu na Idade Média, os mercenários. Os mercenários eram pagos com uma moeda chamado de soldo, daí vem o nome de soldado. Se por um lado esses homens supriam a falta de mão de obra militar, por outro era um problema para o exército, visto que em sua maioria eram trapaceiros, assassinos e todo o tipo de escória. Entretanto, tudo isso levou a profissionalização da cavalaria.

Os equipamentos de combates são variados, e como são muito caros, são destinados apenas aos ricos e nobres ou um financiamento feito por um homem rico a um cavaleiro menos favorecido. Entre as armas e as vestimentas dos cavaleiros, a malha, o elmo, o escudo, a lança e a espada são itens essenciais, pois sem esses itens não se pode ser um cavaleiro, além do que, a vestimenta mostra sua classe de cavaleiro. Toda sua armadura foi sofrendo adaptações durante o passar do tempo, para tornar sua utilização mais eficiente. Além das armas já mencionadas, outras poderiam ser usadas em combate, como facas e chicotes. Esse aliás era todo o equipamento bélico utilizado pelos servos, que formavam a infantaria.

Os cavalos eram itens de grande importância para o cavaleiro, visto que, eram utilizados somente para a batalha e os festivais ,dificilmente era usado para viajar,para isso usava outro cavalo. Durante a peleja, cair do cavalo era um erro terrível para o cavaleiro.

As batalhas podiam ser muito demoradas, como as guerras de cerco, onde o objetivo é tomar ou destruir as plantações inimigas, nada muito nobre. As batalhas geralmente seguem toda uma cerimônia com o clérigo e sermões, e durante a batalha tudo é muito confuso, porém, cada cavaleiro procura se manter unidos, e para isso, usam o nome do lugar de onde vieram, por exemplo quem era de Flandres gritava “Flanders” e assim por diante. Além disso se utilizavam das bandeiras com seus respectivos brasões e procuravam estar sempre juntos. Porém, Michael Pastoureau nos conta que haviam poucas lutas nessa época e que na verdade pode ter havido apenas uma...o que os cavaleiros faziam mesmo era lutar nas justas.

Segundo Michel Pastoreau, as batalhas eram muito raras no século XII e início do século XIII. Os torneios e as caçadas, eram o principal passatempo dos cavaleiros.

Os torneios eram muito importantes, pois eram patrocinados apenas por grandes nobres. Organizar um torneio significa ter um alto grau de honra entre os nobres. Por vezes, censurados pela igreja, porque esses torneios poderiam causar grandes acidentes entre os cavaleiros, incluindo a morte deles.

Os caçadores também tinham um papel fundamental entre os cavaleiros e a aristocracia, visto que, a grande maioria dos nobres, os senhores, passavam muitos dias caçando. E essa caça era muito variada desde aves até javalis e ursos.

Outros jogos importantes eram o xadrez e os dados. Esse último mais jogados entre os servos e o primeiro mais jogado pela nobreza, pois se tratava de um artigo luxuoso e visto como uma peça de ostentação.

O autor se refere ao amor cortês como forma figurativa da literatura, visto que, se baseia principalmente dela para criar todo o mundo feudal nos séculos XII e XIII. O amor aqui citado, fez se valer dos escritos literários.Esses escritos são a base da sociedade e isso é um reflexo da sua sociedade. Os grandes romanos acreditavam que a arte enobrece as pessoas, tudo isso criava ideias para toda uma geração. Isso é evidente que era se tratando apenas entre os nobre, pois eram letrados e toda a arte visual desse período era muito direta, sem eufemismo , pois serviam para contar histórias, sem a necessidade de usar as palavras.

O autor não diz com certeza, como era o ideal de beleza do século XII, por conta dos registros que não são seguros. O que se sabe entretanto é que os poetas dessa época davam muita importância para os rostos bonitos,sendo olhos claros e cabelos loiros e longos para as mulheres. Para os homens cabelos escuros e corpo com barriga preponderante, não são bem vistos.

Quanto ao que se diz sobre os prazeres carnais, o amor cortês não se pode ser descritos apenas como platônicos, pois existe a necessidade de poder ter o contato físico com a pessoa desejada ,tudo muito sútil e discreto.

Entretanto, a realidade estava longe de ser romântico no medieval cortês. Casamentos arranjados, diferenças de idades e a vida de servidão tornava o amor quase impraticável nessa época. A fidelidade conjugal, parece ser algo muito vago, posto que, muitos relatos contam sobre inúmeros casos de adultério, onde nascem filhos bastardos. Esses filhos bastardos, quase sempre não tinham direito a nada, a não ser se fosse um nobre bastardo. Nesse caso, poderia até ser herdeiro ou ganhar benefícios e terras.

A homossexualidade, parece ser um tema não muito recorrente, apesar de haver registros literários sobre o assunto.

Clérigos, cavaleiros e camponeses, todos eles sentiam a necessidade de se locomoverem, e, apesar das distâncias, das perigosas estradas e as grandes tributação de impostos, todo viajam. Para peregrinações religiosas, negócios e até mesmo para tentar uma nova vida em outro lugar.

A ideia de nação não existia para esses homens do século XII. Os reis estavam constantemente em viagem. Viajavam para outros domínios e carregavam consigo, uma grande equipe de servos e consequentemente, vassalos e cavaleiros. Os caminhos eram muito perigosos e guardavam todos os tipos de perigos, como ladrões, animais selvagens ou até mesmo uma simples ação da natureza,como tempestades e raios.

Outro tipo comum de peregrinação era a religiosa, vários relatos de objetos sagrados, como a coroa de espinhos de Jesus, eram comumente divulgado, fazendo assim, nascer o interesse dos adoradores de Cristo. Os bons costumes pregavam que era preciso ao menos uma vez na vida, visitar as terras sagradas. De fato muitas viagens eram feitas a fim de obter alguma graça ou agradecer por um milagre.

De todos os lugares longínquo, a Índia é a mais apreciada. Histórias de maravilhas e lendas são um atrativos aos mais interessados em aventuras. As especiarias indianas trazidas por mercadores, são muito apreciadas em toda a Europa. São produtos de todas as vertentes, como sedas, tecidos, perfumes, animais exóticos e temperos. Além de todos os tipos de objetos, a Índia ainda traz consigo histórias com monstros estranhos, e nesse quesito, a Ásia não está muito atrás, visto que, pouco se conhece desses lugares e é aí que a invenção se faz crescente ,tanto que era comum uma grande variedade de bestiário com os mais formidáveis, assustadores e cruéis bestas,principalmente às marinhas,posto que,o homem medieval tem pavor do mar e das criaturas que lá moram. Essas feras são sereias,monstros com aspecto dúbio e seres transmorfos.

Outra história fantástica no período estudado, é sem dúvida, o mito do Santo Graal, esse mito rondou por toda a Idade Média, e na maior parte dos relatos, era um cálice de propriedades miraculosas pois esse cálice, seria usado na Santa Ceia por Jesus Cristo. Entretanto, outros relatos dizem que Santo Graal fosse um prato, outros que fosse a própria Maria Madalena. Esse mito prevaleceu no imaginário do homem do século XII até o século XIII.

O medievalista francês Michel Pastoreau se utiliza de diversos relatos medievais, principalmente nas obras do escritor Chrétien de Troyes , que narra através das histórias da Távola Redonda, a vida no século XII e início do XIII. Essas histórias fantasiosas servem de apoio para a construção dessa época. O autor sempre demonstra chateação pela de fontes documentais e deixa muito claro, que se não fosse por essa ausência de fontes, o seu trabalho seria muito mais detalhado. Algumas questões ainda não se encontram totalmente estudadas, e assim o trabalho historiográfico ainda fará necessário durante muito tempo. Concluímos, portanto, que a idade média esta cheia de mistério e fascinação, visto que,ainda hoje existem muitas referências a essa época não apenas em livros,mas também em filmes,games e arte em geral.

Joey Rascunho
Enviado por Joey Rascunho em 11/03/2017
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