As hipóteses catastróficas

AS HIPÓTESES CATASTRÓFICAS
Miguel Carqueija


Resenha do livro “El fin del mundo” de Mario Lleget. Enciclopedia Popular Ilustrada, série P n° 21, 1963, Barcelona (Espanha).


Há poucos séculos (falando sério, foi no outro milênio) eu encontrei num sebo, por um preço ridículo, um livrinho de bolso espanhol, deste autor que parece ter publicado muita literatura científica do tipo original. Este exemplar, ao qual falta infelizmente a folha de rosto (o ano de edição eu fui buscar na internet), com certeza aborda a mesma temática de uma obra conhecida de Isaac Asimov, “Escolha a catástrofe” (que por sinal ainda não li). É uma especulação científica ou até ás vezes pseudo-científica, sobre as possíveis causas da futura extinção da Terra ou da raça humana. Que o livro nem sempre é científico se deduz de uma ilustração absurda que mostra a Lua em chamas (?) caindo sobre a Terra.
Lleget elenca algumas hipóteses correntes: uma delas é a invasão do sistema solar por uma estrela intrusa; por semelhança ele aborda também a penetração de nosso sistema em uma nuvem de plasma estelar, o que igualmente nos vaporizaria.
Outra idéia, muito comum na ficção científica, é a da novação, ou seja, que o nosso Sol exploda. Tornando-se em nova ou supernova, tanto faz, acabaria com a Terra.
Lleget fala em seguida da hipótese contrária mas igualmente letal, a do esfriamento do Sol, causando o congelamento da Terra.
Depois vêm os cometas, como hipótese já desmoralizada, embora estivesse em voga nos tempos de Edgar Allan Poe que sinalizou a morte de nosso mundo ao passar por uma cauda cometária que incendiou a Terra: é o que se lê no tenebroso conto “A palestra de Eiros e Charmion”. Mas, na época de Mario Lleget, e ele o reconhece, já se sabia da tenuidade das caudas de cometas.
Uma última hipótese é a da queda da Lua (mas não em chamas, isso se limita à citada ilustração) sobre a Terra, e aí o impacto seria mesmo terrível.
Essas discussões de Lleget não penetram no aspecto religioso: permanecem estritamente na Ciência natural. E dentro dos conhecimentos da época, e com o estilo que reconheço bem atraente do autor, o resultado é um livro gostoso de se ler; infelizmente será algo difícil localizá-lo, exceto pela rede onde descobri que ele pode ser adquirido ou baixado em PDF. Quanto a mim, conservo o meu exemplar raríssimo...

Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 2017.