Transformação social e educação escolar

PARO, Vitor Henrique. Transformação social e educação escolar. In: Administração escolar: introdução crítica. - 14. ed. – São Paulo: Cortez, 2006.

• “A administração capitalista, ao medir a exploração do trabalho pelo capital, coloca-se a serviço da classe interessada na manutenção da ordem social vigente, exercendo, com isso, função nitidamente conservadora. Essa função não é, porém, inerente à administração em si, mas produto dos condicionantes sócio-econômicos que configuram a administração especificamente capitalista.” (p.81)

• “A sociedade política, ou Estado no sentido escrito, congrega o conjunto de atividades que dizem respeito à função de coerção ou domínio direto, enquanto que a sociedade civil agrupa os organismos chamados “privados”, cuja função primordial é a de persuasão.” (p.82)

• “Existe, assim, entre as relações sociais de produção e a superestrutura política e ideológica, uma relação dialética, no interior do bloco histórico, de tal forma que ‘as forças materiais são ao conteúdo e as ideologias são a forma – sendo que esta distinção entre a forma e conteúdo é puramente didática, já que as forças materiais não seriam historicamente concebíveis sem forma e as ideologias seriam fantasias individuais sem as forças materiais’.” (p.90)

• “No capitalismo, o vínculo orgânico do intelectual com o nível econômico se evidencia por sua ligação ou com a burguesia ou com o operário, que são as duas classes fundamentais existentes.” (p.91)

• “O que determina essencialmente esse caráter de relativa autonomia é, todavia, a própria natureza da função superestrutural que eles desempenham: ‘o intelectual não é o agente passivo da classe que representa, como a superestrutura não é o reflexo indispensável para o exercício completo da direção cultural e política’.” (p.93)

• “O criador, o organizador e o educador identificam-se, pois, pelo predomínio, em sua prática social, de uma dessas qualidades sobre as demais. O papel do intelectual criador, enquanto elaborador de uma nova concepção de mundo, é de importância decisiva para a classe que aspira à direção geral da sociedade.” (p.94)

• “A classe revolucionária impedirá essa recomposição de forças dos grupos dominantes somente na medida em que for capaz de remeter-se decisivamente em direção à transformação social, criando um novo sistema hegemônico sob sua direção.” (p.98)

• “A tomada de consciência política reveste-se, assim, de importância fundamental para a participação dos componentes da classe operária no processo de criação de um novo sistema hegemônico.” (p.99)

• “Afirmarei aí que uma verdadeira racionalidade na utilização dos recursos em termos do interesse comum, na sociedade, só pode existir a partir de uma transformação social.” (p.101)

• “A obtenção de um resultado social que represente o interesse coletivo só é possível a partir na integração das diversas práxis individuais numa práxis coletiva e intencional.” (p.102)

• “Da maneira como vimos até aqui, a transformação social se resume, em última instância, no processo pelo qual a classe fundamental dominada busca arrebatar a hegemonia social das mãos da classe dominante, construindo um novo bloco histórico sob sua direção. Neste contexto, a educação poderá contribuir para a transformação social, na medida em que for capaz de servir de instrumento em poder dos grupos sociais dominados em seu esforço de superação da atual sociedade de classes.” (p.103)

• “A educação entendida como apropriação do saber historicamente acumulado, ou seja, como processo pelo qual as novas gerações assimilam as experiências, os conhecimentos, os valores legados pelas gerações precedentes, é fenômeno inerente ao próprio homem e que o acompanha durante toda sua história.” (p.105)

• “A existência da escola coloca-se, pois, de forma tão irreversível quanto a própria divisão social do trabalho, de tal modo que a hipótese de se voltar a contar exclusivamente com os mecanismos informais de educação equivale mais ou menos à de se voltar a produzir exclusivamente em casa o vestuário, a alimentação, o lazer, enfim, todos os bens e serviços necessários à subsistência em nossa complexa sociedade contemporânea.” (p.106)

• “Os interesses do capitalismo são levados em conta pela escola também em termos superestruturais, na medida em que esta funciona como mecanismo de disseminação da ideologia da classe dominante.” (p.107)

• “A educação escolar, neste contexto, precisava fornecer, ao mesmo tempo, certos elementos intelectuais que acabavam por possibilitar às pessoas das classes subalternas captarem de maneira mais objetiva a própria realidade social contraditória da qual faziam parte.” (p.108)

• “Outra maneira pela qual se verifica a negação do papel educacional da escola é através da articulação política dos métodos pedagógicos com ideias e medidas que levam à minimização do saber passado às massas.” (p.109)

• “A escola, na verdade, não possui de modo nenhum esse poder de corrigir as injustiças provocadas pela ordem capitalista.” (p.110)

• “A escola não pode ser totalmente negada em nossa sociedade, por outro lado, porque a população em geral também a considera necessária e a reclama como obrigação do Estado.” (p.111)

• “Porque a escola não é o local da mudança, não significa que ela não possa ser um dos locais dessa mudança. A revolução é um processo que envolve todo o corpo social, inclusive a escola.” (p.113)

• “O fato de o saber estar concentrado nas mãos de uma elite dominante não deve levar a crer que ele foi produzido por essa elite, nem que foram estas que arcaram historicamente com os custos de tal produção.” (p.116)

• “A constatação de que o saber acumulado historicamente se fez à custa do esforço das camadas de trabalhadores de todos os tempos deveria ser motivo de profunda inquietação para todos aqueles que possuem privilégio de ter acesso a tal saber e conseguem perceber, ao mesmo tempo, a maneira injusta como ele é distribuído em nossa sociedade.” (p.117)

• “A apropriação dessa dimensão pelo educador que aí trabalha, em especial pelo professor, deve servir como estímulo para que ele constitua num verdadeiro intelectual orgânico da classe dominada, na medida em que sua ação como transmissor do saber venha a se articular intencionalmente com os interesses dessa classe.” (p.118)

• “A escola está contribuindo para a transformação social não apenas quando promove a transmissão do saber, mas, como já afirmei, também quando consegue concorrer para o desenvolvimento da consciência crítica de sua clientela. “ (p.118)

• “É preciso privilegiar os conteúdos que contribuem para uma real compreensão da realidade econômica, social e política em que vivemos.” (p.121)

camifls
Enviado por camifls em 27/10/2016
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