Especial: Joel Schumacher – Parte 2 de 3

Publicado originalmente em frankcastiglione.wordpress.com, em 2009.

Seguimos com o Especial Joel Schumacher, chegamos a década de 90 com os filmes: “Linha Mortal” e “Um Dia de Fúria”.

***

1990 – LINHA MORTAL (FLATLINERS)

Linha MortalNelson (Kiefer Sutherland) é um estudante de Medicina e está com uma idéia fixa: fazer uma experiência de quase morte, para ver o que realmente acontece e voltar para contar a história. Para isso, pede ajuda de 4 colegas. No começo, a maioria deles fica relutante, mas acabam concordando e levam a experiência a cabo. Mannus (Julia Roberts), apesar de não concordar muito, acaba sendo vencida pela curiosidade: pois tinha o hábito de entrevistar pacientes que tiveram essa mesma experiência e fazia várias anotações.

Depois de “voltar da morte”, Nelson diz aos seus colegas que teve uma sensação de “conforto”, eles começam a se interessar mais e alguns se oferecem para fazer a experiência também. Mas a cada nova tentativa, eles aumentavam o tempo de “morte” da pessoa, ficando assim cada vez mais arriscada, porém o que lhes inspirava a fazer isso é o fato de acharem que, quanto mais tempo ficassem no estado de “morte”, mais informações e respostas teriam.

No final das contas, não são mostradas coisas sobrenaturais, mas sim uma espécie de regressão aos que se submetem a experiência. Regressão essa que traz a tona traumas já esquecidos que, a partir de então, passam a assombrá-los novamente. E agora eles terão que aprender como superá-los. Linha Mortal é outro filme que só assisti recentemente, apesar de já ter passado muitas vezes no Cinema Em Casa do SBT. E me surpreendeu de forma positiva: é aquele tipo de filme que te força a pensar para conseguir entendê-lo. Mais uma vez, Joel Schumacher trabalhando com Kiefer Sutherland e um elenco de peso: Julia Roberts, William Baldwin, Oliver Platt e Kevin Bacon.

***

1993 – UM DIA DE FÚRIA (FALLING DOWN)

Um Dia de FúriaQuem nunca ficou estressado com o trânsito? Ou revoltado com os preços abusivos dos produtos? Imagine agora se fizéssemos tudo que pensamos quando estamos estressados. É isso que acontece em “Um Dia de Fúria”.

William Foster (Michael Douglas) está preso em um engarrafamento causado por obras nas ruas. Ele fica observando as crianças, isso o faz lembrar de sua filha, pois está divorciado e não a vê há muito tempo. Acaba ficando inquieto, resolve largar o carro ali mesmo e ir embora para casa a pé. Aqui começa a jornada do nosso “herói”.

Ele quer fazer uma ligação e precisa de moedas para isso (vale lembrar que, em 1993, os celulares ainda não eram populares como hoje em dia), resolve então entrar em uma mercearia, porém, o dono diz que não trocará o dinheiro, diz que ele deve comprar alguma coisa. William pega um refrigerante de cola gelado (o que vem a calhar, pois estava um calor insuportável) mas, para sua surpresa, vê que se comprar o refrigerante, não sobrará dinheiro para fazer a ligação. A partir daí, temos um dos momentos mais marcantes do filme: William começa a brigar com o dono da mercearia e depois de dominar a situação, resolve “remarcar” os preços dos produtos, pagando o que acha justo pelo refrigerante!

William tenta ligar para sua ex-mulher, mas ela está ocupada com os preparativos para festa da filha. Resolve então descansar e tomar seu refrigerante. Mas descobre que está em um território de gangues. Dois marginais se aproximam e vem lhe cobrar o pedágio, mas são agredidos com um taco de baseball que William tomou do dono da mercearia!

Somos apresentados ao Detetive Martin Prendergast (Robert Duvall). Prendergast é um policial que trabalha apenas internamente (deixou de ser um polical “de rua”, por causa de sua mulher), ele está em seu último dia de trabalho. Os seus colegas aproveitando o ensejo, resolvem lhe pregar peças. Já sua mulher liga a todo momento perguntando quando ele irá para a casa. Mr. Lee (o dono da mercearia) vai a delegacia prestar um depoimento e passa a descrição do sujeito que lhe atacou: homem branco, de camisa e gravata. Explica que o homem apenas o atacou, pagou pela bebida e levou seu taco de baseball. Todos estranham isso. Como Prendergast é da divisão de furtos (não consideram isso um furto), o caso é passado para outro policial. William segue seu trajeto, deixando sua “marca” por onde passa.

E mais uma vez, durante algumas tomadas na cidade, Joel Schumacher deixa sua crítica social: Pessoas nas ruas trabalhando por comida, veteranos de guerra sem-teto, pessoas catando latas, pedintes, camelôs, etc. Sem contar o “Homem Não Economicamente Viável” protestando. Chegamos a uma outra cena marcante: a da loja de Fast Food que não serve café da manhã após as 11:30. William não gosta muito disso e com a ajuda de uma bolsa cheia de armas, decide mostrar sua indignação e propõe um “debate” sobre a propaganda enganosa dos lanches.

Depois de ficar sabendo de outros incidentes, Prendergast começa a ligar os pontos e deduzir que os vários eventos podem ter sido causados pelo mesmo homem que atacou a mercearia, mas ninguém o leva à sério. Decide então sair para as ruas e investigar o caso, coisa que não fazia há muitos anos.

Temos outro ponto muito interessante no filme, William mostrando que muitas vezes, ocorrem obras desnecessárias apenas para os políticos justificarem os orçamentos. Decide então, deixar algo real para ser reparado: com ajuda de um garoto (!) monta uma bazuca e dispara na tubulação da rua!

Prendergast resolve enfrentar a sua mulher e diz que só irá para casa, quando terminar seu trabalho e sai da delegacia. Quando uma colega lhe pergunta onde vai, ele diz: “Merecer o salário do último dia.” Sai a caça de William que dá mais um discurso, desta vez falando sobre a ilusão do “Sonho Americano”.

Confesso que não vi muitos filmes do Michael Douglas. Mas, para mim, essa é uma das melhores, senão a melhor atuação da sua vida. Filme mais que recomendado, lembro até hoje da propaganda quando saiu em VHS (a cena de William destruindo a cabine telefônica com uma submetralhadora!).

Curiosidade: Nos créditos do filme, o personagem de Michael Douglas é mostrado como “D-FENS”, que é a placa do seu carro (mostrado no início do filme). Também é desta forma que Prendergast se refere a ele da primeira vez.