KOBATO episódio 13: OS DOIS ANJOS E A ÁRVORE

KOBATO episódio 13: OS DOIS ANJOS E A ÁRVORE
Miguel Carqueija



Um dos mais lindos episódios de “Kobato” é este, onde a menina que veio do Céu se penaliza com a situação de uma árvore majestosa, do gênero Gingko, que por ser velha, enorme e cobrir o chão com tapeçarias de folhas mortas que irritam os moradores, será cortada no dia seguinte. Para contornar uma briga entre garotos do orfanato dirigido por Sayaka ela levou as crianças para colher folhas do chão em volta da árvore, visando os trabalhos manuais de pintura de desenho. Aí ela soube da sentença e ficou preocupadíssima...


Resenha do décimo terceiro episódio – O anjo e a pessoa protegida — do seriado japonês de animação “Kobato” (Estúdio Madhouse, 2010). Criação da CLAMP (Ageha Ohkawa, Mokona Apapa, Tsubaki Nekoi e Satsuki Igarashi). Kobato dublada por Kana Anazawa.


“Você não deve dizer coisas como “eu te odeio.”
(Kobato)

“Você fica muito melhor com um sorriso no rosto.”
(Kobato)

“Ela estava aqui por dezenas, centenas de anos, cuidando dessa cidade, e mesmo assim ninguém para pra pensar sobre isso.”
(Kobato)


De tal maneira Kobato fica motivada a salvar a árvore que sai de casa de madrugada, pensando em convencer os homens da Prefeitura a não executar o vegetal. O próprio Ioryogi fica espantado. Mas ao chegar diante da gingko Kobato depara com Kohaku, a jovem magra e suave que mora ali perto e que na verdade é um anjo que resolveu viver na Terra. Kobato não sabe mais o que fazer. Num gesto de aflição, perdendo até o bom senso, ela se ajoelha na terra e começa a escavá-la com as mãos, como se fosse possível desenraizar o tronco e transplantá-lo em outro lugar, só com as mãos. Kohaku, porém, suavemente segura a mão de Kobato e a conduz até o velho tronco, levando a garota a encostar nele a palma. As duas o fazem e começam a cantar uma doce canção. É uma das cenas mais lindas de se ver, tal a intensidade dos sentimentos puros que transmite. De repente Fujimoto aparece e puxa Kobato, pois a árvore começara a cair. Seu tronco se rompe, ela desaba, e Kohaku lhe pergunta: “Você aguentou o quanto pôde, não é?” E segundo Kohaku, a gingko morrera feliz ao ouvir a canção entoada pelas duas. Fujimoto, que não parece compreender essas sutilezas, observa que o tronco já estava carcomido por dentro. O acontecimento poupou a velha árvore da indignidade do corte. Posteriormente Fujimoto, que apesar de sisudo tem grande boa vontade para com a creche, esculpe peças para jogos de armar, utilizando a madeira do tronco.
E, os dois anjos tinham cantado assim:

“O outono está “às margens do rio,
O inverno está escondido nas ponta dos ramos,
Há bondade sem limites nas profundezas do mundo.
Cada vez que a noite cai vamos oferecer uma oração
para que possamos dar as boas-vindas para cada dia que vem chegando.
Me guie, ó voz, ó voz longínqua, como sorrisos, como canções,
é o som do vento que está ressoando felicidade e tristeza...
Vou abraçar tudo isso e continuar andando em frente:
são elas que fazem minhas mãos fortemente conectadas ás suas.”


Rio de Janeiro, 27 de maio de 2017.