KOBATO episódio 5: luz noturna

KOBATO EPISÓDIO 5: LUZ NOTURNA
Miguel Carqueija



Passeando no parque sempre levando Ioryogi (seu enigmático mentor em forma de bichinho de pelúcia) como um acessório, Kobato esbarra com um senhor que por razões misteriosas lhe pede para não ficar lendo em voz alta o livro infantil “A luz dos vagalumes”, escrito por Sotari Moro e ilustrado por Naoko Niimura. Ao tentar descobrir a razão desse estranho pedido, Kobato toma conhecimento de uma triste história de amor e remorso...

Resenha do episódio 5 – A promessa dos vagalumes – do seriado japonês de animação “Kobato” (Estúdio Madhouse, 2010). Criação da CLAMP (Ageha Ohkawa, Mokona Apapa, Tsubaki Nekoi e Satsuki Igarashi). Kobato dublada por Kana Anazawa.

“Estarei esperando às margens do rio na Montanha Hachiman.”
(Kobato, repetindo o que dissera Naoko)

Kobato, sempre meiga e delicada, mas pouco acostumada às coisas da Terra, atendendo ao pedido das crianças da creche, já super-acostumadas com ela, tenta ler para elas o livro “A luz dos vagalumes”. É tão desajeitada para uma coisa tão simples que sem querer pula páginas do livro, que por sinal é fartamente ilustrado e conta uma história de amor entre vagalumes.
Desejosa de se aperfeiçoar Kobato vai treinar no parque, onde sistematicamente retorna. Deve-se observar que o animê é extraordinariamente bonito nos cenários naturais e o estúdio Madhouse de fato merece parabéns por obra esteticamente tão perfeita. Então, Kobato trava conhecimento com o próprio autor do livro, agora um homem amargurado, desiludido e que parou de escrever. Atenta à sua missão de “curar os corações feridos” Kobato afinal fica sabendo que ele se culpa por não ter encontrado tempo para ir com sua namorada (a ilustradora do livro) ver os vagalumes na montanha Hachiman – e depois ela morrera num atropelamento.
No meio do episódio ocorre um incidente que adianta coisas que acontecerão nos capítulos seguintes: três mafiosos aparecem na creche para ameaçar Sayaka, por conta de dívidas; e não se importam em atemorizar crianças. Fujimoro, o rapaz que trabalha na creche, interfere, mas o que espanta é o estoicismo de Kobato, que se põe na frente de Sayaka e apesar das ameaças repete, trêmula mas determinada, o pedido para que eles se retirem. Agora Kobato sabe que a creche está sob ameaça. Mas ainda não sabe a história por trás disso.
A maneira como Kobato cura o coração do escritor é fabulosa. Ela percebe que Sotari já não tinha sensibilidade para apreciar as coisas belas do mundo, e o convida a ir encontrá-la às margens do rio, perto da montanha... sem saber que estava repetindo as mesmas palavras do convite que a finada Naoko fizera. E Sotari vai e finalmente vê, pela primeira vez, os pirilampos e suas luzes...
O grupo CLAMP conseguiu, em Kobato, criar uma obra-prima em termos de psicologia de personagem. Kobato é uma Pollyanna de mistura com Mary Poppins, um ser de luz que transforma para melhor a vida das pessoas de quem se aproxima.

Rio de Janeiro, 13 de fevereiro de 2017.