LA LA LAND: DANÇANDO NA NOITE DA “CITY OF STARS”.

CRÔNICA/RESENHA

Desde criança, influenciada pelo meu pai, sempre adorei musicais e foi com ele que desenvolvi a sensibilidade de apreciar essa maravilhosa arte do cinema, ele, que certa vez, aos quatro anos, me propôs que eu aprendesse sapateado.

Penso que meu pai prontamente se apaixonou pelos musicais hollywoodianos, talvez pelo clássico, perfeito e inesquecível sapateado de Gene kelly em “Cantando na Chuva” bem como pelos seus afins protagonistas das tão artísticas danças daquela época.

E, claro, seria impossível resistir ao apelo da mídia justo ao encontro de um dos meus gêneros preferidos, e assim , cedi com gosto ao chamado tão insistente para assistirmos o filme LA LA LAND , CANTANDO ESTAÇÕES, candidato a tantas estatuetas do Oscar, mas encantadoramente perfeito na fotografia, na música e no enredo, “quesitos” que mais me apaixonaram.

Bem, resumo que o filme é uma tela de suave poesia cinética, a nos transportar na leveza da arte para a filosofia da vida, cuja história é protagonizada por dois jovens que se encontram, se apaixonam e juntos lutam pelo comum sonho de se tornarem livres artistas, mas sob seus moldes, como o sonho de encenar pelo palco da vida a utópica arte de se ser livre; ele um sensível pianista e ela, embora ainda garçonete para ganhar a vida, a carregar consigo o almejado sonho e o inato talento para se tornar uma grande atriz de teatro.

Logo no início, a tal da cena da dança dos motoristas sobre seus carros parados em meio a um congestionamento na Passadena Bridge, a famosa ponte que nos leva a Hollywood, nem de longe nos conta ser ela, talvez, a principal e MAIS INSTIGANTE metáfora da mensagem do longa, coisa que a gente só descobre no final da tela.

O filme entremeia toda a singeleza das fases decisivas da juventude, no complexo universo ansioso mesclado de sonhos, amor, profissão, trabalho, casamento, filhos e DURA REALIDADE, tudo pincelado com o instrumento artístico da música cantada, dançada e instrumentalizada.

A fotografia permeia a ilustração dos contos das fadas.

Acredito que não haja alguém que, em algum momento de La La Land, não tenha se identificado com algo da sua história.

CITY OF STARS é um tema marcante e romântico que pontua o enredo em várias partituras com diferentes harmonias encenadas.

As atuações de Emma Stone como Mia e de Ryan Gosglin como o pianista Sebastian encantam pela naturalidade.

Ele, dono duma simpatia incontestável.

Impossível não entrar na história e não se apaixonar pela delicadeza emocionante de ambos...

Digo que preciso é prestar atenção em cada alegoria mostrada durante o filme para, no final, fechar com um belo laço de sentimento frente à subliminar mensagem, a maior da obra.

Pontuo apenas a cena do sapateado cuja sonoplastia rítmica, na minha opinião, se perdeu na altura da cena musical e da beleza fotográfica.

Mesmo assim, Gene kely se encantou e bateu palmas...

LA LA LAND, CANTANDO ESTAÇÕES é um verso profundo ao amor ESSENCIAL,o que liberta para o exercício da possibilidade de se ser feliz...nas perenes e incessantes buscas pelas nossas tantas “citys of star”.

Obviamente explicitado ali o aprendizado de que, na vida , muito pouco escolhemos : é a vida quem nos escolhe para os seus inesperados roteiros.

Como sempre...fui às lágrimas.