Meu texto mais lido de todos (5.470 leituras)



Breve resenha e algumas indagações sobre a temática do filme A ESCOLHA DE SOFIA



 
     Anos após o fim da II Guerra Mundial, uma mulher de origem polonesa, sobrevivente a campo de concentração, continua a sobreviver no além da guerra, com seu amante e um amigo, que também a cobiça, todos terrivelmente problemáticos. Vamos acompanhando o ruir progressivo do mundo interior deles e, consequentemente, das suas relações com o mundo exterior. Uma mulher em situação de permanente tragédia, verdadeira personagem de tragédia grega, de mito sobre cuja existência não me recordo de jamais ter lido nada (o que não quer dizer que ele, mito, não exista nessa e ou talvez, em  alguma outra tradição mítica).
     Um momento do passado explica-lhe a causa, a causa dessa vida trágica: Vemos esta mesma mulher, fugitiva, com seus dois filhos, ambos muito pequenos (uma menina e um menino) a tentar embarcar, clandestinamente, em um trem, na busca de escape ao horror nazista. Não o consegue. Um guarda a descobre e lhe propõe (claro, não me lembro das palavras, assisti a este filme há muitos anos): "Escolha um de seus filhos para o sacrifício e eu garanto que a senhora segue, a salvo, com o outro filho". Ela, após um tempo de desesperada agonia, acaba por gritar: "Leve a minha garotinha" e consegue partir, com o filho (que também morreria, algum tempo depois, na guerra); consegue seguir, para a "liberdade".


Sem qualquer espécie de julgamento, que a nós pobres, falíveis e pecadores por herança e... destino tal julgamento não pode nem deve caber, gostaria, apenas, de deixar aqui estas indagações:
I- De quantos abismos pode se compor a alma humana?
II - 1. O que pode ter levado esta mãe a fazer tal escolha, em nível inconsciente ou em qualquer outro nível?
- 2. De que outras possibilidades de escolha poderia dispor esta desgraçada mãe (no sentido daquele que perdeu ou que não dispõe da Graça)?


Na manhã de 5 de março de 2010.