A semiótica e a questão da identidade racial

MAGALHÃES, Célia; NOVODVORSKI, Ariel. A semiótica visual e a questão da identidade racial: uma leitura sistêmico-funcional em duas capas de literatura infanto-juvenil brasileira. Universidade Federal de Minas Gerais.

Resenhado por Maria Eliene Fernandes da Silva

O artigo, em estudo, apresenta o resultado de uma pesquisa desenvolvida pelo Programa em Estudos Linguísticos (POSLIN), coordenado pela Profa. Dra. Célia Magalhães, cujo objetivo é analisar a composição das capas dos livros Amanhecer Esmeralda, de Ferréz, e Felicidade não tem cor, de Emílio Braz, no intuito de compreender o modo como sua concepção pode estar ligada à ideia de literatura na forma de educação e transformação social observada por esses escritores. A fundamentação teórica, empreendida pela pesquisa, é a de base sistêmico-funcional, de Kress e van Leeuwen (1996).

O trabalho foi estruturado em: introdução, fundamentação teórica, metodologia, análise comparada dos dados, discussão da análise e conclusão. Na introdução, eles fazem uma apresentação geral do trabalho, em seguida abordam a literatura marginal, no Brasil, e as relações dessa com a questão da identidade, do preconceito racial, da diversidade cultural e da recuperação da autoestima.

Após essa parte, apresentam os principais conceitos da teoria de Kress e van Leeuwen (1996), para a leitura das imagens: representação da narrativa: o desenho social em ação; realizações vetoriais e não vetoriais, representação e interação: o desenho social da posição do observador; atos e imagens, distância social, o significado da composição, valor da informação; saliência e enquadramento.

Na metodologia, eles não apresentam a natureza da pesquisa nem o método utilizado para a coleta dos dados, apenas retornam a informação de que estão utilizando a fundamentação teórica de Kress e van Leeuwen (1996).

A análise e a discussão dos dados retomam um pouco do que já foi abordado sobre literatura marginal, obras e autores. Em seguida, há uma análise que enfoca a Metafunção ideacional, identificando a capa de Amanhecer Esmeralda e Felicidade não tem cor, como uma estrutura complexa na qual residem tanto à estrutura narrativa quanto a conceitual.

A discussão dos dados aponta que as imagens analisadas das capas dos livros apresentam a informação visual de um modo bastante significativo, comprometido e consciente, levando-os a concluir que houve uma escolha pensada na disposição dos elementos constituintes dessas capas, demonstrando um comprometimento social de Ferréz e Júlio Emílio Braz com a questão do preconceito social.

O artigo apresenta uma aplicação da gramática do design visual, servindo de base para outras pesquisas, principalmente, porque aborda as imagens sob o ponto de vista social e de denúncia. No entanto, há nesse artigo algumas lacunas: o artigo apresenta trinta páginas, mas a análise limita-se a seis páginas, ou seja, alguns elementos presentes na fundamentação não são contemplados na análise, a disposição das informações carece de uma reorganização para facilitar a leitura. Além disso, eles abordam questão de identidade, mas não há discussão sob que enfoque estão utilizando esse termo.