“Educar o trabalhador cidadão produtivo ou o ser humano emancipado?”

O texto de Frigotto e Ciavatta tenta explicar e analisar quais foram as mudanças que ocorreram, durante os anos 80 e 90, com o nosso vocábulo e o com o nosso ensino. Esse texto faz parte de uma pesquisa que tinha como objetivo analisar as políticas de ensino nos anos 80 e as reformas educativas que ocorreram nos anos 90.

O Texto é dividido em três partes: a primeira que fala sobre A nova sociabilidade do capital e o “imperialismo simbólico”, a segunda parte que tem como título Trabalho e trabalhador produtivo e a terceira parte que é sobre A cidade e a formação do cidadão produtivo.

Na primeira parte os autores falam muito sobre as mudanças que ocorreram no significado de alguns termos. Um exemplo, que o texto dá, é o termo globalização, que tinha antes o sentido de internacionalismo e agora foi “apropriado pelos detentores do grande capital na perspectiva dos processos predatórios, em nome do lucro.” (página 47).

Um trecho interessante na primeira parte é a citação do Le Monde Diplomatique de 2000. Essa citação mostra como a sociedade de alguma forma mudou os seus interesses e começou a priorizar o capital. Isso de certa forma ‘assusta’, pois não se sabe exatamente por que essas mudanças aconteceram e quais consequências elas trarão com o tempo, como diz na citação: “Algo muito profundo está ocorrendo quando a sociedade não se indaga Quais os caminhos para vencer o subdesenvolvimento e a desigualdade? Mas Como atrair capitais.”.

Já a segunda parte da ênfase no debate entre trabalho e trabalhador produtivo, trazendo, principalmente, o ponto de vista capitalista sobre o trabalho produtivo.

O trabalho produtivo, na visão capitalista, está sempre ligado ao lucro, ou seja, é aquele que além de produzir o capital gasto também produz a mais-valia. Além disso, no capitalismo, vemos que no início existiam jornadas de trabalho de até 18 horas, o que era normalmente feito para aumentar a produção e o lucro. É importante dizer que a maioria das horas a mais que eram trabalhadas não eram pagas.

É curioso pensar que só após a luta da classe trabalhadora é que foi regulamentada a jornada de trabalho. Essa foi com certeza uma das conquistas fundamentais para essa classe, apesar de sabermos que ainda existem trabalhos irregulares.

A terceira parte do texto fala bastante sobre o PLANFOR – Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador – e sobre a cidadania, na sociedade brasileira, e os seus conceitos.

O PLANFOR consagrou o termo “formação do cidadão produtivo” com base em algumas diretrizes básicas. Essas diretrizes são: universalização da educação básica de qualidade, construção da cidadania, geração e melhor distribuição de rendas, entre outras coisas.

Algumas das estratégias definidas pelo PLANFOR, como também algumas dessas diretrizes, são bandeiras que a esquerda poderia assumir. “Mas, se, de um lado, essas estratégias e suas bandeiras sinalizam o fortalecimento da sociedade civil, de outro a ênfase na cidadania recai sobre o “cidadão produtivo” sujeito ás exigências do mercado.” (página 52).

A cidadania é um termo pouco trabalhado por nós, além de ser “originalmente, uma questão alheia á constituição da sociedade brasileira pós-colonial” (página 53).

Se recorrermos ao dicionário e procuramos o significado de cidadania, o que vemos normalmente é a seguinte frase: “é o conjunto de direitos e deveres ao qual um indivíduo está sujeito em relação à sociedade em que vive.”. Mais quais direitos? E como esses direitos foram conquistados na sociedade brasileira?

Os primeiros direitos conquistados foram os direitos civis, onde o indivíduo tem o direito à integridade física, tem a liberdade de ir e vir e de palavra. Após conquistar esses direitos, a sociedade brasileira conquistou os direitos políticos e por fim os direitos sociais.

Chama a minha atenção os direitos sociais serem os últimos a serem conquistados, afinal o direito a moradia, a saúde e a educação deveriam ter sido os primeiros, pois é a base da sociedade.

Apesar desses direitos terem sidos conquistados, pouco se faz em relação a isso. Infelizmente vivemos em uma sociedade onde o governo não investe mais do que o “necessário” nessas áreas, o que acaba deixando escola e hospitais em estado precário, por exemplo.

Ana Clara Gonçalves
Enviado por Ana Clara Gonçalves em 01/11/2016
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