COLUNA VERSUS CANGAÇO

COLUNA VERSUS CANGAÇO

autor: José Rodrigues Filho

Nos idos de 1926, o sertão pernambucano vivia momentos difíceis e históricos. As oligarquias latifundiárias defrontavam-se, em solo de Pernambuco, com a passagem audaciosa e revolucionária da COLUNA PRESTES (comandada pelo ex-oficial do exército brasileiro: LUÍS CARLOS PRESTES, líder da insurreição dos tenentes, em 1924), que percorria o país de SUL a Norte; buscando apoio popular para realizar uma verdadeira revolução no sistema sócio-político brasileiro.

Por onde passava, a COLUNA tentava fazer com que o POVO compreendesse as razões que levaram à sua formação: Construção de um Estado mais justo, amenizando as desigualdades entre a riqueza e a pobreza. No seu rastro, entretanto, vinham as forças legalistas cometendo todo tipo de abuso contra as populações sertanejas, principalmente as mais carentes.

Naquela época, o campesinato brasileiro, mormente o nordestino, estava bastante afastado do discernimento dos problemas políticos; desconhecia as razões de sua pobreza e não dispunha de quaisquer meios de informação que demonstrassem interesse em tirá-lo da situação em que se encontrava. A COLUNA estava abrindo os olhos de muitos camponeses sem terra para a origem de seus problemas, mas as atrocidades cometidas pelos mercenários –homens pagos pelos latifundiários e pelos governos Federal e Estadual, para atacar a COLUNA e os rurícolas indefesos; além de soldados do governo -fizeram com que o líder da MARCHA optasse, no ano seguinte, pelo fim da longa caminhada de mais de 25.000 (vinte e cinco mil) km pelos sertões do Brasil. Antes, porém, dessa decisão, a COLUNA, ao penetrar em terras do município pernambucano de Salgueiro, foi fustigada pelo fogo cruzado de armas que eram seguras por homens que, como os da COLUNA, sempre tiveram em seus calcanhares tropas governamentais, e que, também como os da COLUNA, lutavam por um ideal de JUSTIÇA, mas não compreendiam as dimensões desse ideal e, sem conhecimento de causa, deixaram passar a oportunidade única de se aliarem à COLUNA engrossando suas fileiras, mudando, por conseguinte, o curso de sua história, e, possivelmente, o curso da história política brasileira, pois aqueles homens que dispararam sobre a COLUNA, não eram outros senão os cangaceiros de LAMPIÃO –agora: Capitão Virgulino Ferreira- chefiados pelo próprio, que fora condecorado com a patente de Capitão (dada pelo governo federal, por intermédio do Padre Cícero de Juazeiro do Norte) para combater os rebeldes progressistas que lutavam pelo fim das oligarquias no BRASIL.

Texto extraído do Jornal Komunikando, ano IX, Nº 54, publicado em junho de 1988.

Obs: Estudos recentes indicam que Lampião não deu combate à COLUNA, aproveitou-se apenas das armas e do dinheiro que lhe foram entregues, depois de desconfiar que a patente não era verdadeira.

José Rodrigues Filho
Enviado por José Rodrigues Filho em 30/10/2016
Código do texto: T5808086
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