Faz parte

Sinto que estou a congelar. Já andava a sentir o frio mas hoje deram-me a prova. Devo estar como um cubo de gelo a metade do caminho de estar completamente congelado, no ponto em que já formou uma camada de gelo à volta mas ainda tem água liquida no interior.

Se a paixão dela por mim não tivesse sido apagada, daqui a um mês o nosso namoro tinha dois anos. Mas foi apagada. E digo apagada porque vejo a paixão como fogo, imortal até perder o combustível. Se calhar pus combustível a menos mas isso é uma reflexão para depois, está em lista de espera. Pensar nesse lado da situação trás os seus riscos, tenho de atualizar o antivírus antes de visitar esse site.

Hoje quando estive com ela voltei a achar o mesmo que nas últimas vezes, que ela não queria verdadeiramente estar alí comigo. Pressionei-a para ser sincera comigo e ela continuou sem desenvolver. Estávamos na minha casa. Eu acabei por me fartar e, também um pouco na esperança que isso lhe fizesse soltar a língua, disse-lhe que não conseguia estar com ela sentindo que ela não queria estar comigo, que lhe ía deixar na cidade, e que se ela quisesse voltar a estar comigo ou mesmo falar comigo que tivesse iniciativa. Queria que ela fosse sincera comigo. E ela chorou e falou, e penso que foi sincera. A chama apagou-se, resumindo. E, de mim, nem uma lágrima veio. Vieram conselhos e respeito, calma e sinceramente.

Não sei se algum mestre estóico me sussurrou ao ouvido ou se ela agia em mim como um placebo e que, por tanto querer sentir o calor, via a chama à minha frente. Ou talvez amar implique apoiar as decisões do outro, quaisquer que sejam. Fico sem saber se o treino mental anda a funcionar, se nunca a amei verdadeiramente ou se pela primeira vez soube amar.