Estudar

Estudar. Na própria música do Renato Russo está expressa a aversão que jovens tem ao estudo de alguma coisa que eles necessariamente não gostem e não entendam. Aliás, isto não é algo exclusivo em jovens, mas também em adultos. Esta aversão àquilo onde há dificuldade em entender é explícita em todas as gerações. Então, como estudar? Como gostar de estudar? Como pegar um livro de álgebra e se apaixonar por aquilo? Bem, você não precisa se apaixonar, mas pelo menos achar interessante. Primeiro, pense: para que eu usaria isto? Segundo, procure alguma forma de usar isto. Terceiro e último: use-o. Se você conseguiu usar e obteve resultados, então você entendeu! Agora repita o processo até se tornar intuitivo. Pronto, você aprendeu! É certo que matemática por ser uma matéria mais profunda, vão existir algumas partes que realmente ficarão para discussões e debates entre matemáticos, mas na verdade a sensação ilusória de que matemática deixa poucas oportunidades de como usá-la reside no fato de que a gente já a usa porém não percebe. Em computação, a Álgebra de Boole (a que eu venho estudando bastante na faculdade ) tem como respostas apenas duas: falso ou verdadeiro, 1 ou 0 (o professor leva tão a sério essa lógica que as notas dos alunos são de fato 10 ou 0). Isso é matemática e embora pareça algo simplório é isso o que o processador do seu computador ou celular está fazendo o tempo todo, a diferença é que ele faz isso em milissegundos, abrindo (1) e fechando (0) a passagem de corrente elétrica.

Nós fazemos o tempo todo operações matemáticas, contamos dinheiro, contamos os dias, calculamos o quanto o carro vai gastar para ir daqui acolá, coisas simples mas que demonstra que a gente usa demais a matemática e não percebe e quando se depara com um problema mais complexo, com mais variáveis e com mais necessidade de usar a lógica a gente se perde, porque estamos muito acostumados em usar a matemática simples. Sim, estagnamos na matemática elementar e não saímos dela, podemos sair, só querer. Dificuldade? Todos vão ter, mas não para sempre. Eu não entendia matemática no colegial porque primeiro: era muito vagabundo, segundo: era autopiedoso e tinha complexo de inferioridade (há sequelas, em breve não existirão), terceiro: achava difícil. ACHAR DIFÍCIL! Esse “achar difícil” é o maior assassino dos aprendizados, porque ele é do tipo que não vai embora enquanto você não o ignorar. Ele é aquele cara que se você fala: “sai”, ele empaca. Se você falar: “desisto, pode ficar”, empaca de vez! Apenas não ligue para ele que ele mesmo sozinho vai se tocar e vai vazar! Sim, ignore que algo é difícil e apenas faça! Dê o seu melhor. Se o gênio da sua sala calcula uma equação do quarto grau e faz matrizes na velocidade de um processador intel i7 de 4.40GHz e você se mata para fazer um problema envolvendo equação do segundo grau, relaxa! É o seu melhor naquele momento. Tenha paciência consigo mesmo. O seu cérebro se adapta às condições às quais ele é submetido, porém, isto pode levar algum tempo e não adianta querer sair sabendo de tudo em um dia. Quanto mais operações você fizer, mais condicionado o seu cérebro fica àquela situação, porém, lembrando: dedicação! Portanto, não se cobre demais. O seu melhor é ouro enquanto o mínimo do gênio é um bronze mal laminado. Na faculdade a gente começa a amar coisas que detestávamos por descobrir que elas de fato servem para alguma coisa. Eu faço engenharia da computação e hoje eu vejo que eu posso organizar meus custos usando regressão linear e limites. Posso me planejar. Com ajuda de computação e desenho técnico montei um robô autônomo. Somente quando a gente começa a usar as coisas é que a gente entende como elas funcionam, aonde que elas podem ser aplicadas e de que maneira podem ser aplicadas. Você só entenderá porque um Camaro consegue guinchar uma caminhonete e um Mazda RX7, por sua vez, não consegue, quando você observar que devido as dimensões internas de engrenagens e pistões em especial o Camaro gera um torque muito maior do que um potente RX7. É o mesmo que você medir a força do soco de um lutador de MMA com o soco de um corredor atlético, apenas substitua o punho e o braço por pistão e biela e você entenderá o que é torque, ou momento de força.

Rafael Luigui
Enviado por Rafael Luigui em 10/02/2017
Reeditado em 10/02/2017
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