Aquele canalha

Aquele canalha

Aquele canalha não tem jeito mesmo. Nem nunca terá. Ele chega de mansinho, de repente, todo atencioso e interessado, com direito a elogios e aquele emoji de olhos com coraçõezinhos. Demonstra atenção, exala confiança e inspira desejo. E você nem percebe que ele já tomou conta da sua cabeça, porque você, na falta de algo melhor, vai respirando esse perfume enfeitiçador sem ter como resistir.

(Aquele canalha é tão canalha que até te pergunta: “mas por que resistir?”).

Você sempre acha que pode consertá-lo e fazê-lo mudar. Só porque é uma mulher jovem, independente, determinada, forte e tão dona e si. Como a Ana fez com o Christian.

Miga, sua louca. Esquece isso. Você já está apaixonada e o antídoto para o canalha é o desprezo. Aquela história de 50 tons de cinza não existe e nem você nem qualquer outra mulher vai ser capaz de fazê-lo mudar.

Aquele canalha entra na sua vida e parece que é um encosto ou algum tipo de macumba. Talvez o termo melhor seja droga. Ele é como uma droga. Você prova uma vez, só para experimentar, na esperança de poder controlar o uso e quando vê, já está viciada, obcecada e não quer mais parar de se embriagar de pequenas doses de moral que ele te dá uma vez ou outra.

Aquele canalha te emite o alerta várias vezes: “Só não vai se apaixonar, hein”. Você disfarça na brincadeira, responde “Claro que não, seu louco” e finge que isso não te inquieta por dentro.

Só que já é tarde. Você, por mais esforço que tenha feito, já se apaixonou por aquele canalha. Ele faz você pensar nele ao acordar de manhã, no meio da tarde e ao ir dormir. Ele te faz escutar músicas que você nem sabia que existiam, faz você rever seus conceitos sobre alguns tipos de comidas e lugares do mundo para visitar. Ele te faz pesquisar textos e frases que traduzam o que você está sentindo.

Aquele canalha finge que não é um canalha, mas às vezes, assume que é um canalha. Um canalha que te embaralha. Aquele canalha não pede, manda. Aquele canalha se mostra maravilhosamente incrível, gentil, carinhoso e bem-sucedido, uma mistura perfeita de bom moço, safado, sem sorte no amor, apaixonante e infeliz.

Aquele canalha, babaca e prepotente, firme em tudo que fala, também faz coisas sensacionais, mostra habilidades de ser bom em tudo (TUDO MESMO, ele até voa) e carrega muita bondade e compaixão no coração. Aquele canalha é um tipo de cara que parece que entende da vida, sabe aproveitar e tem ela a seu favor. E você imagina o quão esplêndido seria a vida ao lado dele.

(Aquele canalha te chama de linda e diz que te quer).

E você, nessa pose de “nada me abala”, abre mão dos próprios valores e corre atrás, afinal ele é irresistível. Você acredita ser a salvação dessa alma perdida, depois de tantas desilusões amorosas que ele sofreu na mão de algumas vadias por aí, há tanto tempo, depois de uma fase de pegação sem compromisso e sem se envolver.

Aquele canalha é irresistível. Ele tem uma inteligência sagaz, te faz rir com um jeitinho meigo encantador. Ele consegue ser perfeitamente sensual e intimidador em tudo o que faz: quando puxar a cadeira para você sentar, ou ao levantar a taça para tomar um gole de Martini, ou até mesmo digitando no teclado daquele iPhone 6 cinza.

Tudo isso te faz ficar presa naquela conversa bacana com ele numa mesa de bar, com direito a roçada de mão na coxa. Ele diz que foi sem querer, mas a gente sabe que no fundo, há uma intenção por trás do ato, porém, você finge que nem percebe a indireta.

(Aquele canalha te faz querer perder o controle).

Porque aquele canalha gosta de fazer joguinhos. E o canalha sabe que ele sempre ganha o grande prêmio da noite: te levar para casa e ter uma noite intensa. Aquele canalha te deseja, te seduz, te provoca, te toca, te sente, te envolve. E você gosta disso. Porque conquistar um canalha massageia o ego e levanta um pouco a sua moral.

Mas é só realizar o desejo que o canalha muda de personalidade, ele se transforma em outra pessoa, no dia seguinte depois de te levar embora após um delicioso café da manhã, com pouca troca de palavras, olhares tímidos abaixados. Afinal o canalha é uma fera. E você a comida.

Amar um canalha é uma entrega sem chance de volta. A submissão é ingrata: revolta, mas apaixona. E ele não te liga mais. Não se importa em visualizar e nem se quer responder suas mensagens. Aquele canalha é do pior tipo que existe, porque te faz acreditar que a culpa é sua por não ter dado certo.

E quer um conselho? Não fique triste, o canalha é o “teste drive” para qualquer corrida amorosa. Amar um canalha é pré-requisito para as provas de amor. Porque amar um canalha, além de ser um aprendizado, também é muito gostoso. Amar um canalha é uma visita única a paraísos íntimos e secretos nunca explorados, dentro de si mesma.

ATENÇÃO: o texto acima foi escrito com base nas personalidades dos personagens literários Christian Grey de 50 Tons de Cinza (E.L. James) e Gabriel Emerson de O Inferno de Gabriel (Sylvain Reynard). Não condiz exatamente com o que eles são/fazem, eles apenas me serviram de inspiração com um pouco de invenção da minha cabeça. É deliciosamente apaixonante escrever sobre personagens.

Suzannah Harrison
Enviado por Suzannah Harrison em 30/11/2016
Reeditado em 06/12/2016
Código do texto: T5839642
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.