Filme “ Quanto vale ou é por quilo?’’

Por : Débora Nascimento -Itabuna -Ba/ Graduada em Pedagogia pela Unime -BA .

O filme “ Quanto vale ou é por quilo?’’ trata –se de uma drama que se relaciona com a realidade do período de escravidão do nosso país por volta do século XIV com a nossa presente realidade .Portanto permite ao observador enxergar com criticidade a sua própria realidade e todo cenário latente de desigualdades sociais,corrupção,opressão , violência e injustiça sociais.Permite também perceber que a época mudou, mas costumes como a detenção do poder e o objetivo de lucro continuam a serem fortes na cultura , onde os pobres e negros ainda são vítimas .O filme coloca com maestria diversas questões que insistem na cultura do nosso país por vezes disfarçados, mas, quando analisamos com um olhar crítico entendemos que as mazelas persistem culturalmente .Entretanto expõe a escravatura como era realmente, extraindo cenas de histórias relatadas no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro.

Sempre colocando o modo que os negros eram tratados e vistos como possibilidade de lucro aos seus donos e fonte de renda aos capitães do mato, ou seja, o negro era tido como produto . A figura do negro era nesta época tratada com desigualdade de forma que eram chicoteados , surrados se fugissem, ou desobedecessem.Estes eram explorados e mesmo após alforriado ainda eram injustiçados como é desvelado em uma das cenas iniciais do filme uma escrava que conseguira comprar sua alforria e de outros escravos para trabalhar com ela,após ter tido um dos seus escravos roubados, vai em buscar de reinvindicar com o mandante do furto , retratado por um homem branco e rico e mesmo assim é condenada por pertubar o sossêgo , mas o sossêgo de quem?

Certamente do homem branco.Ou seja ,no Brasil percebemos que quando o sujeito tem status e dinheiro ele compra até mesmo a justiça.Outra questão abordada é a falsa caridade disposição de doar aos menos favorecidos , pois, o que na verdade querem é faturarem .Receitas que chegam para obtenção de materiais( comprados com o valor muito maior sendo superfaturados) para projetos são desviadas para conta de laranjas .

Outra questão bem colocada é que na época da escravidão os negros tinham que disporem de força braçal para desempenhar atividades aos seus senhores e gerar lucro, já nos dias atuais o sistema carcerário superlotado abriga homens em pequenos cubículos, sendo sustentados pelo próprio povo através da arrecadação de impostos, ao invés de desempenharem atividades que gerariam renda(sabemos que somente poucas detenções realizam trabalhos para evitar o ócio do encarcerado).Então a cadeia é comparada a senzala só que com outra roupagem e também vista como geração de renda quando o governo investe na construção de mais presídios ao invés de investir na educação e empregos. Pois eles acreditam que a geração de renda é forte por empregar pessoas na própria construção dos presídios e quando os familiares dos encarcerados forem visita-los , acredita-se na movimentação do comércio e obtenção de renda.

Destarte vale pontuar que o próprio drama desvelado no filme aponta que alguns desfavorecidos da sociedade atual se submetem a criminalidade por falta de oportunidades e diz que o ato do sequestro é visto até mesmo como distribuição de renda .Umas das cenas nos remete ao que diz 2°Timóteo 3:13 “Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados. ’’Pois, a cena conta que um empresário envolvido no desvio da verbas que seria para ajudar os mais necessitados tem sua casa invadida por sequestradores que usam de violência e terror para conseguir lucro. Só que ele não perde a vida no sequestro, porém continua a fazer parte da roubalheira e marketing de bom moço que trabalha para a diminuição das desigualdades sociais .

Contudo, este filme nos faz perceber criticamente a nossa situação cultural onde a escravidão fora abolida , mas na atualidade vem mascarada com outros “tons’’. Ainda Continua a vigorar a sede de lucratividade exagerada, permanece a exploração da mão de obra para conceder maior renda aos empregadores, onde o trabalho tem um valor agregado e desta forma a força de trabalho é comprada, mas, a obtenção do lucro fica para o proprietário , permanecendo a real venda de força de trabalho por um mínimo salário.Também continua a vigorar o falso assistencialismo, pois prioritariamente pensam em altos lucros.

Por fim, no Brasil continua as desigualdades sociais , a desvalorização do negro, preconceito racial , corrupção , detenção de poder , concentração de renda e existência da figuras opressor x oprimido . Então o drama é atualíssimo na expressão das mazelas sociais. Portanto se no período colonial visavam sempre o lucro no Brasil República também, por isso entendemos o título escolhido para esta obra de Sérgio Bianchi “Quanto vale ou é por quilo ?’’.

Debora Nascimento
Enviado por Debora Nascimento em 02/11/2016
Reeditado em 30/11/2017
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